O presidente Donald Trump chegou nesta terça-feira (13) à Califórnia, estado que se opõe à sua política migratória, para estimular seu controverso projeto do muro que quer construir na fronteira com o México.
O avião presidencial Air Force One aterrissou esta tarde na base militar de Miramar.
A primeira visita como presidente dos Estados Unidos ao reduto democrata na costa oeste se dá em meio à elevada tensão entre seu governo republicano e o estado mais populoso do país, especialmente nos assuntos migratórios, de meio ambiente e de controle de armas.
O mandatário visitará a localidade fronteiriça de Otay Mesa, ao sul, onde estão expostos os oito protótipos do muro que quer construir sobre os mais de 3 mil quilômetros da fronteira com o México.
"O presidente está muito aferrado à segurança do nosso país e tem a convicção de que o muro é um elemento importante para esta última", disse sua porta-voz Sarah Sanders, antes de Trump deixar Washington.
Mais de um ano após sua chegada ao poder, o Congresso ainda não liberou nenhum dólar para a construção do muro. Vários democratas rejeitam a inciativa, considerada o triste símbolo de um país que vira as costas à sua história, fechando as portas aos imigrantes.
No Congresso, as discussões sobre imigração estão suspensas.
O presidente já mudou diversas vezes de opinião sobre tamanho, comprimento e preço do muro, com cifras que foram de 4 bilhões a 20 bilhões de dólares.
Além de observar os protótipos instalados no local, Trump se reunirá com militares da base aérea de Miraram. Espera-se que conclua a visita com um evento de arrecadação de fundo em Beverly Hills para sua campanha de reeleição em 2020.
Esperado com manifestações
A visita de Trump à Califórnia, onde conseguiu apenas pouco mais de 30% dos votos na eleição presidencial, será marcada por protestos.
Antes da chegada de Trump, dezenas de pessoas se reuniam na igreja San Ysidro, de onde pode-se ver a fronteira.
"Estou aqui em solidariedade com meus amigos e minha família", disse Rebecca Montes, estudante de 22 anos, referindo-se à situação irregular da documentação de seus pais.
A última vez que Trump viajou para este estado foi à cidade de San José durante a primavera boreal de 2016, em plena campanha eleitoral. A viagem foi marcada por confrontos que aconteceram à margem de suas reuniões.
O governador democrata da Califórnia, Jerry Brown, enviou nesta segunda-feira uma carta aberta sem ambiguidades.
Ele lembrou que a prosperidade econômica de seu estado não tinha sido construída com base no "isolamento, muito pelo contrário", graças à chegada de "imigrantes e inovadores vindos dos quatro rincões do planeta".
"Na Califórnia, estamos mais agarrados às pontes que aos muros", comentou.
Na semana passada, o conflito entre Califórnia e Trump se complicou, quando o Departamento de Justiça acusou a capital do estado, Sacramento, de obstruir deliberadamente a aplicação de leis federais ao oferecer santuário aos imigrantes sem documentos, evitando prisões e deportações.
"A política da Califórnia sobre os santuários é ilegal, anticonstitucional e põe todo o país em risco", tuitou Trump do Air Force One. "Isso tem que acabar", acrescentou.