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Escândalo pode derrubar May e agravar negociações com UE

Documentos revelados pela mídia britância mostram agravamento

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As negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, podem ter uma complicação a mais até o fim deste ano. Isso porque, segundo a mídia britânica, os europeus já estão se preparando para uma queda do governo da premier Theresa May em meio aos escândalos que levaram à saída de dois ministros.

Segundo o "The Times", o anúncio da saída da ministra de Desenvolvimento Internacional, Priti Patel, ocorrido na noite desta quarta-feira (8), agravou a situação do governo, que tenta manter a unidade mesmo após a renúncia do titular da pasta da Defesa, Michael Fallon, acusado de assédio sexual.

Ainda de acordo com a publicação, a saída dos ministros acenderam um alerta na União Europeia, que já trabalha com os dois cenários possíveis nas negociações: a permanência de May, que em um discurso em Florença prometeu mais "flexibilidade" nas conversas, e uma eventual posse do atual chanceler Boris Johnson, defensor do "Brexit duro".

"É muito grande a dificuldade de liderança na Grã-Bretanha, que está cada vez mais e mais frágil. O país está muito fraco e a fraqueza de Theresa May faz as negociações serem muito difíceis", disse uma fonte de Bruxelas ao jornal.

A situação também foi destacada pelo jornal "Daily Telegraph", que segue a linha conservadora, que destaca que a crise de May pode fazer com que a UE consiga atingir seu objetivo de fechar a "conta do divórcio" e obrigar inúmeras multinacionais que tem a sede europeia em Londres a abandonar a capital britânica.

Já o "The Guardian" revelou um documento europeu de oito páginas em que os líderes das negociações do Brexit apontam que "é impossível que o Reino Unido consiga um acordo de trocas pronto para março de 2019", o último mês, estipulado por regulamento, para o fim das conversas.

O documento que foi enviado para os 27 membros da União Europeia destaca que os britânicos têm um mês para apresentar "propostas satisfatórias" sobre os três nós das primeiras rodadas de negociações: a situação dos cidadãos europeus que vivem em território britânico, a conta do divórcio e as questões referentes à Irlanda.

Até o momento, os europeus consideram as propostas apresentadas muito insatisfatórias e já ressaltaram que não vão andar para outros pontos das negociações até que as prioridades estejam resolvidas.

Às portas da sexta rodada de negociações, ambos os lados não conseguiram chegar a um consenso nos dois primeiros pontos - especialmente nas questões de cidadania - e tem pontos de vistas mais próximos nas questões irlandesas.

Nesta semana, o governo de May anunciou seu plano de dar uma espécie de "carência" de dois anos para os europeus que vivem no Reino Unido se adequarem às novas regras. Essa carência entraria em vigor após 2019, quando terminam as negociações.

A proposta foi enviada à UE, mas não foi recebida com grande entusiasmo pelos europeus.

O chefe das negociações pelo lado europeu, Michel Barnier, informou que está visitando as 27 capitais europeias que estão no bloco e "estou verificando um grande senso de responsabilidade comum e uma série unidade de intenções que é fundamental para o sucesso das negociações".

"A unidade é interesse dos 27, mas também da Grã-Bretanha para ter uma saída ordenada, manter uma colaboração profícua sobre os direitos dos cidadãos, sobre a segurança e sobre o desenvolvimento", finalizou Barnier.