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Sequência de terremotos na Itália pode estar perto do fim

Dados comprovam redução de atividade sísmica na zona central

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Há um ano, a região central da Itália tem sido sacudida por uma série de terremotos que já deixou um saldo de 333 mortes e 23 bilhões de euros em danos. Mas essa tragédia pode estar perto do fim. De acordo com o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), tem sido observada uma redução na frequência de atividades sísmicas no raio de 50 km da cidade de Amatrice, atingida por um terremoto de 6 graus há exatamente um ano.

Em janeiro de 2017, foram registrados 8.666 tremores de terra na região. Mas, em julho, foram 2.065 eventos sísmicos, o que representa uma queda de 76,17% em relação ao primeiro mês do ano. Já entre os 1 e 23 de agosto, ocorreram 1.268 terremotos na área, número muito inferior ao do início do ano. "A diminuição é o indicador da aproximação do fim", afirmoua, em entrevista à ANSA, Alessandro Amato, sismólogo do INGV.

O especialista, no entanto, ressaltou que não é possível saber quando, exatamente, a sequência de terremotos no centro da Itália terminará. "Ela ainda pode durar muitos meses", admitiu.

"A sequência de L'Aquila [cidade atingida por um terremoto em 2009] durou cerca de dois anos", relembrou Amato. Em julho de 2016, período que antecedeu o terremoto de Amatrice, o INGV detectou 228 tremores em um raio de 50 quilômetros a partir da cidade, pouco mais de 10% do número registrado no mês passado.

"Haverá um decréscimo contínuo, com algum salto aqui ou ali", explicou o sismólogo. considerando os eventos superiores a 2.0 na escala Richter, o total passou de 1.389 em janeiro de 2017 para 120 em julho (-91,36%), mas houve um pequeno aumento no mês passado (+12,14%) em relação aos 107 tremores de junho.

Além disso, em julho, o centro da Itália voltou a sentir um terremoto de magnitude igual ou maior a 4.0 depois de 86 dias - o tremor foi registrado em Campotosto, 20 quilômetros a noroeste de Amatrice, e não causou mortes. Ou seja, apesar da contínua redução no número de sismos, não se pode afastar o risco de novos eventos na região nos próximos meses.

Outras zonas do país também estão sujeitas a terremotos, como Emília-Romana e Toscana (ao norte da Itália), e Sicília e Campânia (ao sul), como ocorreu há apenas três dias, quando a ilha de Ischia sacudiu com um abalo de 4 graus de magnitude que matou duas pessoas.

Região sísmica - A Itália está localizada sobre as placas tectônicas africana e eurasiática, as quais se chocam constantemente. A primeira se move cerca de dois centímetros por ano rumo ao norte, movimentando a cordilheira dos Apeninos, espécie de espinha dorsal que atravessa a península.

É nessa zona montanhosa que ficam as cidades atingidas pela série de terremotos iniciada em 24 de agosto de 2016. O primeiro deles, com epicentro em Amatrice, na região do Lazio, teve magnitude 6.0 e matou 299 pessoas, sendo 238 na cidade do molho à amatriciana, 11 na vizinha Accumoli e 50 em Pescara del Tronto, distrito do município de Arquata del Tronto, em Marcas.

No dia 26 de outubro, o centro da Itália voltaria a entrar em pânico com um sismo, desta vez de 5.9 na escala Richter e com epicentro em Castelsantangelo sul Nera, em Marcas. Apesar de magnitude quase igual ao de Amatrice, esse tremor deixou apenas uma vítima, e "indireta", um idoso de 73 anos que sofreu um infarto por causa do susto em Tolentino, a 55 quilômetros de Castelsantangelo.

Quatro dias depois, a sequência sísmica teria seu tremor de maior magnitude, 6.5, que destruiu boa parte do município de Norcia, na Úmbria, inclusive sua basílica do século 14, da qual apenas a fachada permaneceu de pé. Apesar disso, o terremoto não provocou nenhuma morte.

A partir de janeiro, a emergência no centro da Itália ganhou mais um agravante: a neve. Em meio ao inverno europeu, cidades dos Apeninos sofreram com avalanches atribuídas aos sismos na região e que mataram 33 pessoas, incluindo as 29 soterradas no hotel Rigopiano, em Abruzzo, enquanto aguardavam a desobstrução da estrada para ir embora.

Desde 24 de agosto de 2016, a área formada por um raio de 50 quilômetros a partir de Amatrice já teve 11.690 tremores com magnitude igual ou superior a 2.0, uma média de 32 por dia.