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O que se sabe sobre o atentado em Barcelona?

Ataque na capital da Catalunha matou pelo menos 13 pessoas

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Como é de hábito em atentados terroristas, as informações sobre o ataque desta quinta-feira (17) em Barcelona ainda são desencontradas, mas as autoridades já confirmaram alguns detalhes. Veja abaixo o que se sabe sobre o episódio:

Como ocorreu o ataque?

Entre 17h e 18h (horário local), uma van branca saiu da Praça da Catalunha, um dos pontos mais movimentados da cidade, e invadiu as Ramblas, rua de 1,2 quilômetro que segue até a marina da capital catalã.

 

O local é formado por duas vias estreitas para carros nas laterais e um amplo calçadão no centro, com inúmeras bancas, quiosques comerciais e barraquinhas de souvenires. Situadas em pleno centro histórico, as Ramblas formam um dos pontos turísticos mais visitados de Barcelona e também contam com diversos restaurantes, lojas e mercados.

Fazendo "zigue-zague", a van percorreu cerca de 700 metros no calçadão de pedestres e atropelou dezenas de pessoas, até se chocar contra um quiosque. O motorista então abriu a porta e saiu correndo, sem dar nenhum grito - em atentados de matiz jihadista, os terroristas costumam bradar "Allahu Akbar" ("Deus é grande" em árabe). Ele também não aparentava estar armado.

Depois disso, ainda não se sabe claramente o que ocorreu. O que é certo é que os autores do ataque alugaram dois furgões, um para atropelar e outro para fugir. Este último foi encontrado em Vic, cerca de 70 quilômetros ao norte de Barcelona.

Quantas pessoas morreram?

O último dado oficial é de pelo menos 13 mortos. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, porém esse número não é exato, já que muitos indivíduos procuraram atendimento por conta própria. Desse total, ao menos 15 pessoas estão internadas em estado grave.

Quem reivindicou o atentado?

O ataque foi assumido pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), por meio de sua agência oficial de propaganda, a "Amaq". Segundo a milícia, os autores do atentado são "soldados do califado".

O uso de veículos pesados - como vans e caminhões - tem sido o método preferido de simpatizantes do EI para cometer atentados na Europa, como nos ataques de Nice, em julho de 2016, em Berlim, em dezembro do mesmo ano, e em Londres, em março e junho de 2017.

Quantas pessoas já foram presas?

Os "Mossos d'Esquadra", nome da força policial da Catalunha, confirmaram a prisão de dois homens, sendo que nenhum deles era o motorista do furgão usado no atropelamento, que continua foragido. Ele seria um indivíduo de 1,70m e usava camisa branca com listras azuis.

Um espanhol natural de Melilla, enclave do país europeu no Marrocos, foi detido em Alcanar, a 200 quilômetros de Barcelona. Na madrugada desta quinta, essa mesma cidade havia registrado uma explosão em uma casa. Segundo a Polícia, o episódio pode estar relacionado com o atentado na capital catalã. As forças de segurança encontraram diversos cilindros de gás na residência.

Outro homem, um marroquino, foi detido em Ripoll, pouco mais de 100 quilômetros ao norte de Barcelona e a 40 de Vic, onde estava a van usada na fuga. Já na madrugada de sexta-feira (horário local), a Polícia realizou uma operação em Cambrils, cerca de 110 quilômetros a sudoeste de Barcelona, matou quatro suspeitos e deixou outro ferido.

"Trabalhamos com a hipótese de que os terroristas abatidos em Cambrils estão relacionados com os fatos registrados em Barcelona e Alcanar", disseram os Mossos d'Esquadra. Eles usavam aparatos similares a coletes explosivos.

Por que a Espanha?

Se confirmada a autoria do Estado Islâmico, a Espanha terá sido alvo de um atentado jihadista pela segunda vez. Na primeira, em 2004, pelas mãos da Al Qaeda, o país mantinha tropas no Iraque, e o ataque acabou levando à retirada dos militares espanhóis da nação árabe.

Atualmente, Madri participa da coalizão internacional que combate o EI no Oriente Médio. Ainda que sua participação seja apenas por meio de apoio logístico e de inteligência, a Espanha é um potencial alvo da milícia terrorista.

Além disso, parte da Península Ibérica, principalmente a região que hoje corresponde à Andaluzia, permaneceu sob domínio muçulmano por quase 800 anos, entre 711 e 1.492. Há cerca de duas semanas, simpatizantes do Estado Islâmico lançaram apelos nas redes sociais pedindo "ataques iminentes" na Espanha e a "reconquista de Al-Andalus", como era chamada a península até ser retomada pelos cristãos.

Esse período de aproximadamente oito séculos coincide com a Idade de Ouro Islâmica, por isso "Al-Andalus" é usada frequentemente nas mensagens de propaganda jihadista.

Histórico

O atentado das Ramblas é o pior em Barcelona desde junho de 1987, quando uma ação do grupo separatista basco ETA matou 21 pessoas em um supermercado, e o mais grave na Espanha desde março de 2004, quando uma célula da Al Qaeda fez 192 vítimas no sistema ferroviário de Madri.