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Itália sabia de ligação do Egito com 'caso Regeni', diz jornal

EUA enviaram provas sobre envolvimento de agentes de segurança

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Após o retorno do embaixador da Itália ao Egito, o "caso Giulio Regeni", pesquisador de 28 anos assassinado no Cairo, ganhou um novo capítulo. O jornal "The New York Times" publicou nesta terça-feira (15) um artigo dizendo que o governo do então primeiro-ministro Matteo Renzi sabia do possível envolvimento dos serviços de segurança egípcios no crime.

O diário norte-americano cita fontes ligadas ao governo do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e que garantem que Roma recebeu um relatório de Washington sobre o homicídio.

"Encontramos provas incontestáveis da responsabilidade de funcionários egípcios", afirma um informante do "NYT".

Segundo o jornal, sob recomendação da Casa Branca e do Departamento de Estado norte-americano, essas conclusões foram enviadas no ano passado ao governo Renzi, primeiro-ministro da Itália entre 2014 e 2016.

"Não estava claro quem tinha dado a ordem de raptar e, presumivelmente, matar", reforça outra fonte. Mas Washington sabia que a "liderança egípcia estava totalmente ciente das circunstâncias da morte de Regeni" e compartilhou essas informações com a Itália, de acordo com o diário.

"Não tínhamos dúvidas de que esse caso era conhecido nos mais altos níveis [no Egito]. Não sei se eles tinham culpa, mas sabiam", afirma um terceiro informante. Giulio Regeni estava no país africano para preparar uma tese sobre a economia local e sindicatos independentes e foi encontrado morto no dia 3 de fevereiro de 2016, em um bairro do Cairo.

Ele fora visto com vida pela última vez em 25 de janeiro do mesmo ano, em uma linha de metrô da capital, e seu corpo tinha evidentes sinais de tortura. Regeni frequentava organizações sindicais clandestinas e contrárias ao regime do presidente Abdel Fatah al Sisi, o que levantou a hipótese de crime político.

Porém o caso permanece sem solução. Na última segunda-feira (14), a Itália decidiu reenviar ao Cairo seu embaixador no Egito, Giampaolo Cantini, que havia sido chamado para consultas em abril de 2016. A medida irritou a família de Regeni, mas Roma alegou que as autoridades egípcias estavam dando sinais de "cooperação" nas investigações.