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França nacionaliza estaleiro da STX e abre crise com Itália

Fincantieri havia feito acordo por 66,6% das ações de STX

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O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, informou nesta quinta-feira (27) que o governo de Emmanuel Macron decidiu nacionalizar "temporariamente" o estaleiro da STX em Saint-Nazaire, ampliando uma crise com o governo italiano.

"Anuncio que tomamos a decisão de exercer nossos direito de preferência na STX. O nosso objetivo é defender os interesses estratégicos da França. A decisão de exercer esse direito que apenas adotamos é uma decisão temporária", informou Le Maire. Ao mesmo tempo em que fez o anúncio, o ministro informou que fará uma reunião na próxima terça-feira (1º) com o ministro da Economia da Itália, Pier Carlo Padoan, e do Desenvolvimento Econômico, Carlo Calenda.

O caso abriu uma crise porque, durante o governo do então presidente francês François Hollande, o grupo italiano Fincantieri concordou em pagar 79,5 milhões de euros por 66,6% das ações da STX, que até então estava sob controle da companhia sul-coreana homônima que faliu.

O Tribunal de Seul está vendendo a STX francesa "em partes" e dois terços da companhia acabaram ficando na mão dos italianos. A Fincantieri e a Fondazione CrTrieste fizeram o acordo para a compra, dando assim a maior parte das ações para o grupo formado pela Itália.

O problema agora é que Macron, que sucedeu Hollande, quer rediscutir os termos de compra - fato completamente rejeitado pelos italianos. Ontem (26), Le Maire deu diversas entrevistas afirmando que o governo francês queria propor uma gestão "50%-50%" com os italianos, sendo que a Fincantieri ficava com 50% das cotas e os investidores franceses com a outra metade.

Le Maire ainda destacou que essa nacionalização foi feita "para debater" os termos de um novo acordo, já que "não há nenhuma suspeita contra os amigos italianos".

"De nossa posição, não vamos nos mover um pouco sequer por razões de mérito, mas também por dignidade e orgulho nacional", disse Calenda lembrando que "nenhum ultimato" pode mudar um acordo já firmado.

Já Padoan destacou que "não há nenhum motivo para a Fincantieri" diminuir sua parte porque o grupo está focado no desenvolvimento industrial da STX em Saint-Nazaire.

O CEO da Fincantieri, Giuseppe Bono, também mostrou que não está disposto a nenhuma negociação e lembrou que "nos últimos anos, eu gosto de lembrar disso, a Fincantieri entregou 50 navios contra 12 de Saint-Nazaire". "Nos aliando com STX queremos criar um campeão europeu e não vamos aceitar sermos tratados pior do que os coreanos", acrescentou Bono.

De acordo com a mídia francesa, Macron quer renegociar o acordo porque os italianos acabariam controlando o único grande estaleiro francês, um ponto considerado "estratégico" pelo governo. Além disso, o presidente teme que a gestão italiana possa causar demissões e gerar, por consequência, protestos maciços de sindicatos em um ano em que o presidente quer debater temas ligados à reforma trabalhista.