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Venezuela rompe com OEA e alega 'soberania'

Caracas criticou ações "intrusivas" da entidade americana

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A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou nesta quarta-feira (26) a saída do país da Organização dos Estados Americanos (OEA), que tem adotado uma postura crítica em relação ao presidente Nicolás Maduro.

A decisão foi tomada após 16 dos 35 países-membros da entidade terem pedido a convocação para esta quarta de uma sessão extraordinária urgente sobre a crise na Venezuela. A solicitação havia sido apresentada por Argentina, Barbados, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

"A OEA insistiu com suas ações intrusivas contra a soberania de nossa pátria, então procederemos para sair dessa organização. Nossa doutrina histórica é marcada pela diplomacia bolivariana da paz, que não tem nada a ver com a OEA", disse a chanceler.

O governo Maduro acusa a organização, que tem sede em Washington, de ser um braço da Casa Branca. Sua penúltima reunião extraordinária, em 3 de abril, havia sido boicotada por Venezuela, Bolívia e Nicarágua e terminado com uma declaração na qual pedia para Caracas "restabelecer a ordem constitucional" e libertar presos políticos.

Em sua sessão desta quarta, a OEA aprovou uma resolução na qual convoca uma cúpula dos ministros das Relações Exteriores para discutir a situação venezuelana. Como reação, Caracas também pediu uma reunião dos chanceleres da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada no dia 2 de maio, em El Salvador.

Essa medida é uma forma encontrada por Maduro de tentar romper seu isolamento internacional. Para deixar a OEA, a Venezuela terá de pagar o valor devido à entidade, algo em torno de US$ 9 milhões.

Mortes

A crise no país se agravou no fim de março, quando o Tribunal Supremo de Justiça anulou todas as funções da Assembleia Nacional e assumiu para si a tarefa legislativa, decisão que foi revertida por conta das pressões sofridas pela corte, que é fiel a Maduro.

Nesta quarta-feira, foram confirmadas mais duas mortes na onda de protestos e saques que cobre a Venezuela em abril. As vítimas são Christian Ochoa, um jovem de 22 anos baleado em Valencia, capital do estado de Carabobo, na última segunda (24), e Juan Pablo Pernalete, de 20, atingido no rosto por uma bomba de gás lacrimogêneo em Caracas. Com isso, o balanço de mortos nas manifestações subiu para 28.