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Ao inaugurar presépio, Papa lembra sofrimento de imigrantes

Obra tem barcos 'luzzu' para lembrar de tragédias no mar

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Durante a inauguração da decoração de Natal no Vaticano nesta sexta-feira (9), o papa Francisco lembrou do sofrimento dos imigrantes que fazem a travessia pelo Mar Mediterrâneo em busca de uma nova vida na Europa.    

Segundo Francisco, o presépio criado na Praça São Pedro lembra "a triste e trágica realidade dos imigrantes nos barcos que vão à Itália".    

"Na experiência dolorosa desses irmãos e irmãs, nós revemos a face do menino Jesus que, no momento de seu nascimento, não encontrou abrigo e nasceu na gruta de Belém. E, depois, precisou fugir para o Egito para fugir das ameaças de Herodes", disse Jorge Mario Bergoglio. O líder católico ainda acrescentou que isso deve se tornar "uma mensagem de fraternidade, de compartilhamento, de acolhimento e de solidariedade".    

O tradicional presépio da Praça São Pedro foi produzido neste ano pelo artista de Malta Gozo Manwel Grech. Na gigante obra de 17 metros de largura e oito de altura, além dos 17 personagens escolhidos, a paisagem do pequeno país europeu é retratada.    

Além disso, são usadas a tradicional Cruz de Malta e a paisagem é completada por alguns "luzzus", as típicas embarcações do país, como forma de retratar a difícil travessia de milhares de pessoas que fogem de países em guerra pelo Mediterrâneo.    

A decoração de Natal vaticana conta ainda com uma árvore de Natal doada pela província de Trento ao Papa. O abeto vermelho tem 25 metros de altura e fazia parte dos bosques certificados pelo Programme for Endoserment of Forest Certification (Pefc) do Val Campelle, na comuna de Sicurelle.    

"A beleza daqueles panoramas [de onde vem a árvore] é um convite a contemplar o Criador e a respeitar a natureza, obra de suas mãos. Somos todos convidados a observar a criação com o esplendor contemplativo", disse em nota o Papa.    

A planta é certificada pela gestão sustentável de florestas e tem cerca de 85 anos. Com uma base de oito metros e um diâmetro de tronco de 70 centímetros, o abete tem cerca de seis toneladas. No dia em que foi cortado para ser levado ao Vaticano, outras 49 árvores - entre abetos e larix - foram plantadas na mesma região por estudantes da comunidade. O ato simbólico teve como objetivo sensibilizar as novas gerações para a gestão ativa e sustentável em uma região em que, no último outono, foram abatidas dezenas de espécies atingidas por um parasita.    

Com a ajuda dos bombeiros voluntários locais e da Proteção Civil de Trento, o abeto vermelho foi transportado por helicóptero até uma região determinada pela base do Exército da Itália em Viterbo. De lá, foi levado de caminhão até o Vaticano, onde chegou dia 23 de novembro.    

Na Praça, ela será iluminada com 18 mil lâmpadas led, das quais 1,4 mil são com efeito cintilante, e enfeitada com objetos feitos de argila por crianças em tratamento contra o câncer. As bolas coloridas querem representar os sonhos dos pacientes, numa iniciativa da Fundação "Lene Thun", que promove um programa de terapia recreativa com cerâmica e também envolve os pais das crianças.   

A tradição de oferecer a árvore de Natal começou em 1982 com o papa João Paulo II que, pela primeira vez, recebeu de presente uma planta de um cidadão polonês. Ele transportou com seu caminhão a árvore da Polônia para Roma. Desde então, todos os anos, alguma região ou entidade faz a doação.    

Nos últimos anos, quase todas as árvores vieram de florestas certificadas Pefc da Itália ou da Europa, que garantem a gestão sustentável e responsável das áreas de onde ela é retirada. Por exemplo, a cada vez que um exemplar é abatido, outras árvores do mesmo ecossistema são plantadas no mesmo local.