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'WSJ': Xi Jinping fortalece poder sobre o Partido Comunista da China

Reportagem destaca que presidente recebeu mesma designação do líder Mao Tsé-Tung 

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Matéria publicada nesta sexta-feira (28) pelo The Wall Street Journal conta que o presidente da China, Xi Jinping, emergiu de uma reunião de cúpula do Partido Comunista com um novo título de liderança, um sinal de ampliação de sua autoridade política — e também de sua capacidade de reprimir uma latente dissidência interna. na quinta-feira (27) durante uma reunião anual com a presença de várias centenas dos membros mais graduados do partido, Xi recebeu a obscura designação de “núcleo” da liderança do órgão. O termo foi aplicado no passado ao líder revolucionário Mao Tsé-Tung e a dois sucessores dele, mas não ao antecessor imediato de Xi. A denominação não torna Xi invulnerável, dizem especialistas em política chinesa. Ele ainda enfrenta a resistência de alguns grupos dentro do partido, das forças armadas e das estatais.

> > The Wall Street Journal China’s Xi Jinping Tightens His Hold on Communist Party

A reportagem analisa que o título do “núcleo”, porém, consolida o poder do líder em um momento em que o partido se prepara para um congresso decisivo, daqui a um ano, que deve dar a Xi um segundo mandato de cinco anos. Xi está tentando conduzir esse processo de forma a se cercar de aliados, alijar rivais e eliminar restrições à sua autoridade. Em mais um sinal de força de Xi, a cúpula encerrada ontem também impôs novas regras disciplinares a toda a hierarquia do partido, com um foco destacado na liderança sênior. 

O Journal afirma que desde que chegou à liderança do partido, quatro anos atrás, Xi subverteu o modelo consensual promovido por seu antecessor, Hu Jintao. Xi assumiu o comando das forças armadas, da economia e da maioria das outras instâncias do poder, centrando as decisões em comitês liderados por ele. Xi, que tem 63 anos e é filho de um veterano comandante da revolução, combinou eficazmente um estilo combativo de fazer política com mensagens bem aceitas pela população. Ele lançou a mais rigorosa campanha contra a corrupção das últimas décadas no país, angariando uma grande popularidade entre os cidadãos chineses e ganhando força para punir rivais. Sua imagem de líder poderoso foi ainda mais fortalecida por uma política assertiva de segurança nacional e relações exteriores e uma mensagem de restaurar a grandeza do país.

O jornal norte-americano diz que o novo status de Xi dá a ele uma arma a mais, num momento em que o partido se prepara para um ano possivelmente conflituoso de barganhas em torno das mudanças na liderança do partido marcadas para o fim de 2017, quando cinco dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo, a alta cúpula do partido, devem se aposentar. Nas últimas semanas, observadores da política chinesa e membros do partido têm dito que Xi talvez tente, no próximo ano, adiar a nomeação de um potencial sucessor para o comitê, possibilitando que ele continue no poder depois que seu segundo — e o que deveria ser o último — mandato acabar, em 2022.

Wall Street Journal observa que a autoridade fortalecida de Xi pode, ainda assim, não ser suficiente para alcançar esse objetivo, dizem analistas políticos, considerando as preocupações crescentes da elite do partido com o poder dele e a forma como vem gerenciando a economia chinesa, assolada pelo pesado endividamento das empresas e o excesso de capacidade na indústria.

Alguns veem os muitos títulos políticos de Xi como uma tentativa de compensar a base deficiente de seu poder político e sua incapacidade de promover mudanças econômicas significativas, finaliza The Wall Street Journal.