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'WSJ': Fluxo imigratório para EUA muda do México para a Ásia

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Matéria publicada nesta quinta-feira (8) pelo The Wall Street Journal conta que o número de chineses e indianos recém-chegados aos Estados Unidos está superando o de mexicanos na maioria das regiões do país, uma inversão em comparação a dez anos atrás, quando imigrantes do país vizinho ofuscavam a chegada de pessoas vindas da Ásia. Uma análise realizada pelo Wall Street Journal dos dados do censo americano mostra que em Illinois, Nova York, Ohio, Virgínia, Flórida, Geórgia e em outros Estados chegaram mais imigrantes da China e da Índia do que vindos do México em 2014, período mais recente com dados disponíveis. Nesse ano, os EUA receberam aproximadamente 136 mil pessoas vindas da Índia, 128 mil da China e 123 mil do México, de acordo com os dados do censo. Em 2005, o número de mexicanos que chegava aos EUA era mais de dez vezes superior ao dos chineses e mais de seis vezes ao dos indianos.

Segundo reportagem do Journal os dados incluem pessoas que entraram nos EUA de forma legal e ilegal, mas não apresentam os números separadamente. Embora a probabilidade de os chineses e os indianos terem entrado nos EUA legalmente seja bem maior do que a dos mexicanos, os asiáticos representam um dos grupos de imigrantes sem documentos que cresce mais rapidamente no país, afirmam os pesquisadores. Pessoas do México e outros países da América Central representam cerca de 71% da população de imigrantes ilegais nos EUA, enquanto os asiáticos são o segundo maior grupo, respondendo por 13%, de acordo com o Instituto de Política Migratória. O candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, adotou como principal bandeira de campanha o fim da imigração ilegal vinda do México, propondo a construção de um muro na fronteira entre os dois países e outras medidas. Mas demógrafos dizem que a mudança rápida no fluxo migratório mostra que a ênfase da discussão da campanha em quem cruza ilegalmente a fronteira pelo sul dos EUA na verdade não conta a história inteira. Um porta-voz de Trump disse que a companha tem como foco acabar com o cruzamento ilegal das fronteiras que tem como origem toda a América Central, ressaltando que as detenções ao longo da fronteira no sudoeste americano superaram as realizadas no ano fiscal do ano anterior.

O jornal norte-americano afirma que os republicanos também propuseram um sistema de monitoramento biométrico para lidar com os casos em que as pessoas permanecem no país depois da expiração dos seus vistos que, segundo estimativas, representam 40% ou mais das pessoas em situação ilegal nos EUA. O governo federal já tentou, sem sucesso, criar a parte desse sistema que monitoraria a saída das pessoas do país, mais recentemente quando os legisladores trabalharam no projeto de reforma da lei de imigração em 2013. Um porta-voz de Trump classificou esse tipo de sistema como necessário para a segurança nacional disse que ele é possível sob a liderança certa. A candidata democrata à presidência, Hillary Clinton, quer promulgar uma reforma na lei de imigração. A mudança abriria caminho para que algumas pessoas que se encontram em situação ilegal possam obter a cidadania americana, eliminando as regras que exigem que algumas pessoas que tentam conseguir o “green-card”, o visto de permanência nos EUA, tenham que primeiro deixar o país. Seus planos também não abordam diretamente a questão do aumento da imigração asiática, mas coloca um foco menor no controle da fronteira mexicana. Uma porta-voz da candidata disse que ela apoia uma reforma na lei de imigração, mas não abordou detalhes de suas propostas até agora.

A análise do WSJ verificou que, em 2014, haviam 31 Estados onde mais imigrantes vinham da China do que do México. Em 2005, isso ocorria em sete Estados. Novos imigrantes vindos da Índia superaram em 2014 os que saíram do México em 25 estados, ante quatro em 2005. Mesmo na Califórnia, Estado que faz fronteira com o México, o número de imigrantes chineses superou o de mexicanos em 2014. E o número de indianos ficou apenas ligeiramente abaixo do de mexicanos. Os dados do censo mostram que cerca de 82 mil pessoas chegaram aos EUA vindos de outros países da América Central além do México no período, um crescimento em relação a 2013, relacionado em grande parte ao influxo de crianças desacompanhadas de Honduras, Guatemala e El Salvador, que desde então tem reduzido. Um redemoinho de forças está levando às mudanças. Profissionais da área de tecnologia altamente qualificados da China e da Índia estão chegando aos EUA para empregos qualificados. Embora o número anual de concessão desses vistos de trabalho seja limitado, as famílias que vêm junto com esses trabalhadores estão disseminando sua própria onda de recém-chegados. A China e a Índia hoje enviam aos EUA mais estudantes do qualquer outro país. Ao mesmo tempo, menos mexicanos estão cruzando a fronteira já que o próprio mercado de trabalho no México tem melhorado e a sua taxa de natalidade está diminuindo.