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Presidente cita pokémons para atacar 'surrealismo' da Itália

Sergio Mattarella criticou o debate político no país

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O presidente da Itália, Sergio Mattarella, de 75 anos, usou os pokémons para criticar o "surrealismo" do debate político no país, principalmente em relação ao referendo constitucional que definirá o futuro do primeiro-ministro Matteo Renzi.   

No próximo mês de outubro, os cidadãos italianos irão às urnas para dizer se aprovam ou não a reforma que acaba com o bicameralismo paritário, com a drástica redução dos poderes do Senado. Contudo, a consulta popular acabou se tornando um referendo sobre o próprio premier, que prometeu até deixar o cargo em caso de derrota.    

Nas últimas semanas, circularam rumores de que o próprio Mattarella teria proposto um adiamento da votação para dezembro, evitando uma eventual queda do governo antes da aprovação do orçamento de 2017. A ideia teria agradado a Renzi, que assim ganharia mais tempo para recuperar sua popularidade, abalada após duras derrotas do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) nas eleições municipais de junho passado.    

Além disso, alguns partidos sugeriram o "desmembramento" do referendo constitucional, com os cidadãos votando cada artigo da reforma separadamente, o que tiraria da consulta o caráter de avaliação sobre o governo. "Nas últimas semanas, a propósito da data e do dito desmembramento do referendo, assisti a discussões um pouco surreais, quase na esteira da caça aos pokémons", declarou o presidente da República nesta quarta-feira (27), durante uma cerimônia em Roma.    

Mattarella, que nunca mostrou muita afinidade com o mundo digital, se referia obviamente ao jogo "Pokémon Go", febre inclusive na Itália. "Foi dito que haveria um adiamento da data do referendo. Alguns até me convidaram peremptoriamente a comunicar a data. Mas a data não foi definida pelo simples fato de que ainda não é possível fazê-lo", acrescentou.    Segundo o chefe de Estado, o dia da votação só pode ser fixado após a Corte de Cassação de Roma, espécie de Supremo Tribunal Federal da Itália, ter dado seu aval à consulta, o que deve ser feito até 15 de agosto.