ASSINE
search button

Boris Johnson: o homem que derrubou David Cameron

Provável sucessor do premier dividiu os conservadores no Brexit

Compartilhar

Entre os homens que facilitaram a implosão do mundo político britânico no referendo que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, o mais influente deles, sem dúvida, foi o ex-prefeito de Londres Boris Johnson. O líder político conseguiu impulsionar o euroceticismo do partido Conservador, em claro contraste ao primeiro-ministro David Cameron, em uma manobra que resultou em um tremendo triunfo. Além de obter a vitória no referendo, Johnson ainda conseguiu empurrar seu "amigo e rival" Cameron para a renúncia - na qual, ele mesmo poderá ser o substituto. Todos os refletores, agora, voltam-se ao ex-prefeito londrino. Na manhã desta sexta-feira (24), quando começou-se a entender que o "Leave" havia vencido e que o "Brexit" era realidade, dezenas de fotógrafos, jornalistas e apoiadores aglomeraram-se em frente à casa de Johson. Um claro sinal de que muitos britânicos, além da mídia, o consideram como o homem do momento: em outras palavras, o natural sucessor de Cameron.

E o que pensa o próprio sobre a sucessão? No momento, ele se calou. Porém, seu pai, Stanley, disse abertamente à emissora britânica "BBC" que seu filho deu "um passo adiante" na candidatura. Polêmico, o ex-prefeito de Londres tem 52 anos e também atua como historiador e jornalista. Ele fez carreira na política a partir de 2001 e foi prefeito da capital da Inglaterra entre os anos de 2008 e 2012 - sendo o líder político do projeto olímpico de Londres, em 2012. - Divisão partidária: O terremoto causado pelo adeus à UE acabou atingindo várias frentes, desde o "Tory" do premier e do ex-prefeito ao mundo da esquerda, onde o Partido Trabalhista ("Labour") está em uma situação que muitos consideram "devastadora".

O líder da sigla, Jeremy Corbyn, ficou extremamente pressionado pela saída, visto que alguns deputados chegaram a pedir publicamente por sua renúncia. Porém, qual o motivo? Pelo seu pouco compromisso com a defesa do "Remain". Contudo, o "suicídio" Conservador está em primeiro plano. A vitória eleitoral do ano passado parece ter ocorrido há "anos-luz". A sigla contorse-se entre rivalidades e divisões internas, que a questão europeia fez surgir de forma forte e que causou improviso dos líderes. Cameron não pode dizer que não foi avisado que a base eurocética estava crescendo e que há meses alertava o premier de que assim não poderia-se andar adiante. Em uma carta escrita por 130 conselheiros locais, afirmava-se de maneira documentada, que "o futuro a longo prazo do partido conservador estava em risco" se o primeiro-ministro tivesse continuado a ignorar os militantes pró-Brexit. E bradavam que "a única coisa honesta e responsável a ser feita" era a consulta popular.