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'El País': Alemanha vive uma crise de identidade pela chegada dos refugiados

Merkel enfrenta dificuldades por surgimento de alternativa extremista

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Matéria publicada nesta segunda-feira (7) no El País, comenta que durante a última década existiu na política alemã um consenso notável, encarnado pela figura da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel. Em duas das três legislaturas que acumula no poder, desde 2005, encabeçou uma grande coalizão de democratas-cristãos, o partido de Merkel, e social-democratas. Houve até certa convergência ideológica, porque os social-democratas se moveram para a direita em política econômica e os democratas-cristãos para a esquerda em questões sociais e ambientais. 

Segundo a reportagem, somados, os dois grupos ocupam atualmente 503 das 630 cadeiras do Bundestag, uma maioria extraordinária que significa que podem prescindir – e prescindem – da esquerda e dos verdes na oposição. Entretanto, com a cortina de fundo da crise dos refugiados, é possível que esse consenso esteja chegando ao fim. De repente, a Alemanha se tornou muito mais imprevisível.

Em si, pode não ser ruim que a política alemã se torne mais controvertida. O consenso dos últimos dez anos foi meio asfixiante. Em particular, os social-democratas foram totalmente incapazes de oferecer uma alternativa à estratégia de Merkel diante da crise do euro. Aceitaram a declaração pós-democrática da chanceler – “não há alternativa” –, e a consequência direta foi a criação, em 2013, do partido eurocético Alternative für Deutschland (AfD, Alternativa para a Alemanha). 

Entretanto, não se trata apenas de que as políticas venham a ser debatidas mais abertamente a partir de agora. Trata-se de que, como Merkel continua insistindo em que não há alternativas à sua estratégia, alguns estão começando a pôr em dúvida a legitimidade do próprio Estado.