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'The Economist': Queda de Evo representa mais um revés da esquerda na América Latina

Um novo ciclo político está começando a surgir 

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Matéria publicada neste sábado (27) no The Economist, comenta que embora Evo Morales ainda tenha mais de três anos restantes de seu mandato atual como presidente da Bolívia, convocou um referendo em 21 de fevereiro para mudar a constituição e permitir sua candidatura para um quarto mandato em 2020. Esse excesso de planejamento em uma região acostumada a agir de última hora, acabou colocando o atual presidente em dificuldades. Ele saiu pela culatra: com quase todos os votos contados, o voto pelo "Não" ganhou com 51,3%. Ainda que por pouco, os bolivianos levaram Morales a sua primeira séria derrota eleitoral desde 2005.

A reportagem conta que este revés para o presidente da Bolívia ecoará ao redor da América do Sul. Apesar de seu apoio à "revolução bolivariana" de Hugo Chávez na Venezuela e sua incessante retórica anti-americana, Morales é fiscalmente, considerado o mais responsável dos líderes de esquerda na região. Ele também é o mais popular, e foi o mais forte deles politicamente, graças à sua etnia (ele é de origem Aymara indígena), sua ênfase na inclusão social e recentes propostas pragmáticas para o setor privado. Estimulada pelas exportações de gás natural e mineração, a economia cresceu cerca de 5% ao ano durante uma década. Agora está desacelerando. O governo de Morales tem sido abalado por escândalos de corrupção. 

A esquerda sofreu derrotas eleitorais na Argentina e Venezuela. No Equador, Rafael Correa, já disse que não vai ficar no próximo ano. No Brasil, o governo de Dilma Rousseff passa por sérias dificuldades, não sendo certa sua permanência até o fim do seu mandato em 2018. 

Três fatores estão por trás da queda da esquerda. Um deles é o fim do boom das commodities. Os governos da Venezuela (especialmente), Brasil e Argentina não fizeram nenhum esforço para salvar os ganhos excepcionais deste boom. Com medo de arriscar sua popularidade e uma derrota eleitoral, eles elevaram seus gastos, mesmo quando os preços das commodities começaram a cair. Isso é um velho erro. Como disse o Sr. Morales, "não se pode continuar a subsidiar tanto". Ele acrescentou que "para manter a ideologia, você tem que garantir que as pessoas tenham como se alimentar". O segundo fator é a corrupção, especialmente na Venezuela e no Brasil. Dos governos de esquerda, apenas o Uruguai não passou por nenhum escândalo. Em terceiro lugar, depois de uma década ou mais de domínio de eleitores de esquerda, os cidadãos querem caras novas e alternância do poder, em busca de uma vida melhor.