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Brasileira em Paris consegue escapar por pouco de atentados

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A brasileira  Suzete Lima Kourliandsky mora próximo ao café Belle Époque, um dos locais dos ataques de sexta-feira (13/11) em Paris, quando 129 pessoas foram mortas. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Suzete relata os momentos dramáticos logo depois das explosões e do tiroteio. 

Ela conta que no dia dos atentados, estava fazendo a sua habitual caminhada quando viu “muitas pessoas correndo e apavoradas” e voltou mediatamente para casa. “Quando ligamos a televisão às 22h, percebemos a gravidade da situação. Fiquei atônita. Nada poderia justificar essa ação”, ressaltou.

Nem todos tiveram a sorte de Suzete, que conseguiu chegar a salvo em casa. A irmã e a sobrinha de um amigo dela foram vítimas do terror, mortas dentro da casa de shows Bataclan, onde morreram 89 pessoas no tiroteio. Ambas são do Chile. O amigo de Suzete, Ricardo Nunes, é embaixador do Chile no México. “Ele viveu aqui em Paris também, foi embaixador aqui, e perdeu duas pessoas da família. O filho de 5 anos da sobrinha dele também estava no Bataclan, mas como ele era pequeno conseguiu se esconder das balas. Imagina o trauma de perder a avó e a mãe de uma só vez?”, indagou.

Segundo ela, dias depois da tragédia todos ainda estão vivendo sobre o impacto de sexta-feira. “Venho do Rio de Janeiro, e sei como a violência pesa na vida das pessoas", comentou. Ela afirma que nesse momento os moradores de Paris estão se adaptando e seguindo as orientações do governo. “Mas ainda não sabemos o que pode acontecer”, disse Suzete, que defendeu a tese sobre o extermínio da juventude negra no interior da Bahia em 2003-2010, no mestrado da Uerj.

Ela observa que a rotina da cidade mudou e que Paris vive em estado de sítio. “Hoje, por exemplo, é dia de fazer natação, mas tudo está fechado. Há um medo, e isso começa a ter efeito agora na vida das pessoas”.  Para a brasileira, por causa da “declaração de guerra” do presidente François Hollande ao Estado Islâmico, as regras para entrar e sair dos lugares, principalmente dos organismo estatais, serão mais rígidas.

A duas semanas da Conferencia Climática (COP21), quando estarão em Paris  chefes de estados de todos os países, o governo aumentou o efetivo policial e as Forças Armadas nas ruas. “O encontro será bem diferente do que havia sido programado. Nada de aglomerações de pessoas, protestos. tudo está proibido”, destaca.

Apesar do clima de guerra, ela diz que se sente segura. “A polícia segue com o seu trabalho. Vão revistar todo mundo. Não tenho dúvidas que eles conseguirão identificar e prender rapidamente todos que participaram”.