O ex-presidente Lula disse nesta terça-feira (10/11) na Colômbia, que sente cheiro de retrocesso no continente. Em discurso na abertura da 7ª Conferência Latino-Americana e do Caribe em Ciências Sociais, em Medelín, o ex-presidente comparou o cenário da América do Sul ao que antecedeu a Primavera Árabe – série de protestos nas ruas do Oriente Médio, que resultaram em guerra civil e num golpe militar no Egito.
"Olhem o que está acontecendo na América Latina, América do Sul. Vocês sentem um cheiro de retrocesso político", disse, ao lado do ex-presidente do Uruguai José Mujica. Na Argentina, o conservador Mauricio Macri, de centro-direita, é favorito para vencer a presidência na sucessão de Cristina Kirchner.
Lula recomendou também que a plateia não acreditasse "nas bobagens da imprensa". "A imprensa é a oposição de todo o continente", criticou. O ex-presidente apelou aos jovens para que acreditem na política como instrumento de desenvolvimento social. "Nós somos os políticos do século passado. Vocês são os políticos do século 21. Tenham a coragem de ser melhores do que nós. Tenham a valentia de fazer mais do que nós".
O ex-presidente comemorou os avanços da integração latino-americana na última década. Para o ex-presidente, o aporte dado pelos pensadores do continente foi fundamental para que esses avanços fossem alcançados. E ele citou especialmente três brasileiros: Florestan Fernandes, Paulo Freire e Darcy Ribeiro, que ajudaram a "democratizar oportunidades" no Brasil.
No entanto, Lula apontou que "o que fizemos ainda é muito pouco frente ao que precisamos fazer pelo povo da América Latina". Contou que quando chegou à Presidência não entendia por que o Brasil não negociava com os países com os quais têm fronteira. "Coloquei na cabeça que era preciso mudar isso".