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Dilma e Santos esperam que Jogos do Rio consolidem paz na Colômbia

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A presidente Dilma Rousseff e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmaram nesta sexta-feira (9) que têm esperança que os Jogos Olímpicos do Rio 2016 possam marcar a conclusão de um acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). A chefe de Estado brasileira está em visita oficial ao país vizinho.

“Nada melhor que uma Olimpíada. Ela tem um marco histórico baseado na paz entre as cidades gregas. A Olimpíada é justamente isso, o momento em que o esporte, como relação entre povos, ultrapassa qualquer barreira e cria essa que é a comunhão pacífica entre as diferentes nações”, comparou Dilma, durante declaração conjunta à imprensa. “Será uma Olimpíada que vai comemorar a paz e a unidade na Colômbia”, acrescentou.

Santos disse que o processo de paz ainda está em construção, mas que está evoluindo “de vento em popa”. Ele disse esperar que Dilma possa ser a anfitriã da celebração do fim “do último e único conflito armado do hemisfério” durante os Jogos do Rio 2016.

“Ainda temos um caminho pela frente, mas acredito que possamos chegar aos Jogos Olímpicos com a chama olímpica da paz. Acredito que isso seria muito importante”, afirmou.

Dilma elogiou a disposição do governo colombiano em negociar a paz com as Farcs e adiantou que o Brasil está à disposição para auxiliar o país na reconstrução pós-conflito em áreas como agricultura, infraestrutura, com enfoque na inclusão social.

Empregos

Na declaração conjunta, Dilma e o presidente colombiano também lembraram o potencial de expansão da relação comercial entre os países. Os dois governos assinaram nesta sexta-feira uma série de acordos bilaterais, que abrangem as áreas de investigação científica, cooperação industrial e de serviços bancários, cooperação policial, comunicação, esportes, assuntos indígenas e transportes fluviais.

Dilma e Santos destacaram a assinatura de um memorando para desenvolvimento da indústria automobilística e setores associados, no âmbito do Acordo de Complementação Econômica nº 59, firmado entre o Mercosul, a Colômbia e o Equador. Segundo Santos, a inciativa vai gerar mais emprego no Brasil e na Colômbia.

O presidente colombiano classificou como “muito importante” o aumento da integração comercial entre os vizinhos, principalmente em um momento de crise. Segundo ele, o potencial de expansão é “enorme”.

Embora seja a terceira maior economia da América do Sul, a Colômbia é apenas o sétimo parceiro comercial do Brasil no Continente americano.”Na crise se produzem sinergias. O tema comercial muito nos interessa neste momento de dificuldade econômica mundial”.

No âmbito multilateral, Dilma informou que comunicou a Santos o interesse do Mercosul em uma cooperação com a Aliança do Pacífico, que reúne Chile, Colômbia, Peru, México e Costa Rica. “Queremos estreitar relações, ter medidas em comum como a extensão dos acordos vigentes, cooperação aduaneira.”

Brasil e Colômbia também emitiram uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas, com posições para a 21ª Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-21), marcada para dezembro, em Paris. Segundo Dilma, a declaração levou em conta as semelhanças entre os países, pela megadiversidade e por compartilharem a Amazônia.

Empresários

A presidente Dilma Rousseff iniciou sua agenda desta sexta-feira (9) na Colômbia com encontro com lideranças empresariais do Brasil. Na abertura, a líder brasileira destacou o crescimento contínuo da Colômbia dentro da América do Sul e ressaltou a intenção de estreitar as relações comerciais entre os países para que ambos sejam beneficiados.

“Conto com os senhores para que nossas relações estejam além do nosso potencial. Para que sejamos capazes de construir um caminho no qual tantos interesses da Colômbia quanto do Brasil sejam contemplados. Que a gente se lance para um projeto de futuro que implique relações comerciais e de investimentos extremamente fortes entre nós”, disse.

Dilma acrescentou que a conversa com o segmento é importante para “saber bem claramente como é que nós podemos auxiliar e apoiar iniciativas particulares dos senhores na área empresarial. É importante que a gente sublinhe o que é que devemos fazer para implementar ainda mais esse relacionamento”.

Para o presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Ruben Delgado, a aproximação entre os dois países é “de grande importância” para os negócios brasileiros, já que o segmento é responsável por quase 25% das exportações para Colômbia. Segundo ele, o mercado de TI colombiano cresceu cinco vezes nos últimos anos.

“Fizemos uma pesquisa e quase 65% das empresas brasileiras de software têm interesse no mercado colombiano”. O empresário ainda acrescentou que a iniciativa do Brasil de instalar mesas de discussão sobre as oportunidades de mercado é fundamental para a ampliação dos investimentos.

“O governo está fazendo seu papel de induzir esse processo, abrir os caminhos, instalando mesas permanentes de discussão. A gente tem que fazer o nosso”, afirmou.

Para o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, uma das tarefas fundamentais do governo é usar a diplomacia para desenvolver negócios. Negócios geram empregos, impostos, renda para o país.

“Há muito espaço no mercado colombiano para empresas brasileiras. Na área de manufaturados o Brasil tem muito a crescer. O Brasil ainda não foi agressivo o suficiente e temos importantes terrenos a ganhar. Só 3% de máquinas e equipamentos importados pela Colômbia são brasileiros, apesar de termos uma indústria forte. Essa aproximação é um passo fundamental e a Abimaq tem sido parceira nesses fóruns”, enfatizou.