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Papa 'não acredita em conspirações' no Sínodo, diz Lombardi

Dia de bates foi intenso e com polêmicas

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O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou nesta quinta-feira (08) que o papa Francisco não acredita que há alguma "conspiração" entre os padres que fazem parte do Sínodo da Família. A afirmação veio após jornalistas publicarem que Jorge Mario Bergoglio teria dito que, entre os bispos, há uma "hermenêutica conspirativa". Lombardi informou que esse foi o tom do discurso do sucessor de Bento XVI e não qualquer outro sentido. Mediando o debate sobre os trabalhos do Sínodo nesta quinta, ao lado do cardeal Edoardo Menichelli, do patriarca sírio de Antioquia, Ignace Youssuff III Younan, e o bispo de Accra (Gana), Charles Palmer-Buckle, o religioso destacou que Francisco "não utilizou essa palavra por isso não tenho que desmenti-la".

    "Evidentemente, o conceito é que devemos ter plena confiança uns nos outros, estarmos convictos do que dizemos e o processo sinodal ocorre em plena lealdade e expressão sincera do próprio pensamento. Não podemos pensar que há complôs, pessoas que buscam manipular a visão do Sínodo no interior e no seu exterior", destacou. Para o líder católico, o evento é um "processo, uma troca de informações que ocorre com serenidade" e que "não é guiado por interesses particulares ou tentativas de conduzir o processo de maneira diversas do processo de busca comum no espírito que a comunidade eclesial deve fazer".

    Dentro dessa resposta, já estava embutido o cenário desenhado por alguns veículos de mídia com um grupo de cerca de 10 padres sinodais. Eles teriam denunciado a vontade de um bloco de outros religiosos de querer condicionar o Sínodo favorecendo aberturas e, em última análise, apoiando as visões do Papa.

    Indiretamente, Lombardi também desmentiu nessas reconstruções sobre a eleição dos moderadores e relatores dos 13 "circuli minores" (as mini-equipes de trabalho). A denúncia apontava que, por causa da imposição desse suposto grupo de bispos, foram condicionados os temas de debate. Mas, se eles realmente foram eleitos, essa teoria cai por terra. Na programação, ontem (07) e hoje há trabalho nesses grupos e, amanhã (09), recomeçarão as congregações gerais - onde serão debatidos sobre o primeiro capítulo do "Instrumentum laboris", o documento que define as bases de trabalho da Igreja para o futuro.

    O clima é tranquilo, livre, mas em ritmo "muito forçado", informou o padre Menichelli, que modera o grupo "italicus B". No entanto, há quem atribua ao grupo de representantes africanos a tentativa de "bloquear" o Sínodo por causa de um presunto mau humor pelos temas mais importantes do encontro serem aqueles, majoritariamente, "ocidentais".

    O ganês Palmer Buckle reagiu a essa notícia e informou que "a África não está atrasando nada, estamos propondo valores" porque também no nosso continente há desafios para as famílias. "Sobre os gays, estou de acordo com o Papa. Os gays são filhos de Deus e a sua dignidade deve ser protegida e façamos o possível. O que acho triste é que, no exterior, qualquer um diz que nós tratamos mal os gays, mas é preciso dar aos países o tempo de se coordenar com a própria cultura. Estamos caminhando.

    Não somos perfeitos", ressaltou Buckle.

    No entanto, acompanhando à distância os trabalhos, o padre líder do movimento "Sociedade Católica", Antonio Spadaro, afirma que o Sínodo Extraordinário ocorrido em 2014, foi um "exemplo notável" do que Francisco entende por "reforma". Tudo é "um processo aberto" no qual aqueles que "acompanham os trabalhos" com uma "visão interior que não se impõe sobre a história buscando organizá-la segundo suas próprias coordenadas, mas dialoga com a realidade", diz a nota divulgada pelo grupo.

    Para eles, o sucessor de Bento XVI "não vê só em preto ou branco, como querem aqueles que sempre torcem por 'batalhas'".

    Com o Sínodo Extraordinário, que serviu de base para o evento que ocorre agora, houve a retomada da revisão iniciada na "Igreja inteira" após "uma dinâmica que a fez perder muitos" fiéis. (ANSA)