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Papa não pediu mudanças na 'doutrina do casamento', diz Lombardi

Pontífice falou sobre comunhão de divorciados

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Durante os trabalhos do Sínodo da Família desta terça-feira (6/10), o papa Francisco pediu para que os bispos não foquem apenas na questão da comunhão aos divorciados que se casaram novamente, algo proibido pela Igreja Católica, mas sim nas questões amplas relacionadas ao casamento.    Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o Pontífice afirmou que "não devemos nos deixar condicionar e reduzir nosso horizonte de trabalho sinodal como se o único problema fosse aquele da comunhão dos divorciados que se casaram novamente. É preciso ter uma amplitude das questões".    

Lombardi ainda reafirmou que durante a fala de Jorge Mario Bergoglio não houve nenhuma alteração sobre a "doutrina católica do matrimônio" e que esta questão "não foi colocada em pauta".    

A questão de readmissão dos divorciados que se casaram novamente tende a ser uma das questões mais polêmicas do Sínodo. Isso porque, pela regra da Igreja, o casamento é indissolúvel - salvo raras exceções - e, portanto, ninguém pode se casar duas vezes.    Porém, por diversas vezes durante seu Pontificado, o sucessor de Bento XVI vem pregando uma maior abertura a essas pessoas, para que elas não se afastem da religião, e também afirmou que "às vezes, os casais precisam se separar". "Às vezes, ela pode se tornar moralmente necessária, precisamente quando o cônjuge mais fraco ou os filhos são subjugados. Há ainda feridas mais graves causadas pela prepotência e pela violência, pela humilhação e pela exploração, pela estranheza e pela indiferença", afirmou Bergoglio durante uma homilia em junho deste ano.    

No mesmo mês, o Vaticano divulgou o "Instrumentum Laboris", o documento que serve de base para as ações do Sínodo e nele já havia um pedido de maior abertura aos divorciados. Essa postura é inédita dentro da Igreja e se for utilizada no texto final do evento pode apontar para uma abertura nunca antes vista na instituição. - Mulheres: O porta-voz da Santa Sé informou que a violência contra as mulheres - também no âmbito do matrimônio - foi um dos temas debatidos pelos bispos hoje. Lombardi confirmou que o papel e a importância das mulheres na sociedade e dentro das famílias.    

O tema também é caro a Francisco, que por diversas vezes pediu para que elas fossem mais incluídas na parte litúrgica da região. A inclusão e o respeito às mulheres é um dos assuntos mais recorrentes de suas homilias e discursos. No mês passado, o Papa chegou a pedir desculpas por "ser feminista" e arrancou risos das mulheres que acompanhavam a celebração. Ele lembrou que "é uma vergonha" a quantidade vítimas da exploração sexual ou criminosa das mulheres e que a sociedade não pode ficar "inerte diante da urgente necessidade de proteger a dignidade das mulheres, ameaçadas por fatores culturais e econômicos".    

Participação no Sínodo: Segundo o padre Federico Lombardi, até o momento "72 padres representando todos os continentes" já se manifestaram publicamente sobre os temas debatidos até o momento. Ele informou que 10 religiosos da América Latina, sete da América do Norte, 26 da Europa, 12 da África, oito da Oceania e seis do Oriente Médio discursaram. Os debates seguem até o dia 25 de outubro.