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"Não há nada a temer", diz Kerry em Havana

Secretário norte-americano cobrou, porém, liberdade na ilha

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O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou durante a histórica cerimônia de hasteamento da bandeira dos Estados Unidos em Cuba nesta sexta-feira (14), que os dois países "não tem nada a temer" com a reaproximação.

    "Sabemos que o caminho para ter as relações plenamente normais é longo, mas e por eles que vamos começar nesse mesmo instante.

    Não há nada a temer! Não somos prisioneiros do passado", disse em espanhol durante o evento. Kerry brincou ao início do discurso, dizendo que era "maravilhoso" estar na ilha e poder "viajar no tempo" ao passar pelas ruas da capital cubana. Ele lembrou que é a primeira visita de um representante do governo desde 1945 e agradeceu às delegações pelo "duro trabalho" para chegar a este dia. "Sinto-me em casa aqui. Hoje nós derrubamos as barreiras e aproveitamos para abrir caminhos para novas possibilidades", destacou o norte-americano em um discurso de cerca de 20 minutos.

>> John Kerry chega para cerimônia histórica em Cuba

    O secretário de Estado ainda ressaltou a importância da política internacional de Barack Obama, dizendo que o presidente tomou a "atitude correta" ao reaproximar os dois países. E pediu, novamente, ao Congresso para pôr fim ao embargo econômico que vigora há mais de meio século.

    Apesar de reconhecer a importância do momento, Kerry cobrou a presença da democracia na ilha ressaltando que o "futuro de Cuba é para os cubanos darem forma".

    "Todos sabem também que os EUA sempre irão cobrar pela liberdade democrática, pelo direito das pessoas expressarem suas opiniões, pelo direito das pessoas expressarem sua fé. Normalizar a diplomacia não é um favor. É algo que os governos precisam fazer juntos", destacou.

    Para o governo norte-americano, é importante que, a partir de agora, os dois povos se conheçam, façam viagens por seus territórios e saibam mais uns dos outros. Usando uma frase de Obama, o representante afirmou que agora "somos vizinhos e não mais rivais ou inimigos". Ele ainda aproveitou para agradecer pela ajuda diplomática dada pelo papa Francisco e lembrou da viagem que o Pontífice fará em Cuba e nos EUA no mês de setembro. Kerry usou uma frase do jornalista e político cubano José Martí para explicar o atual momento. "'Tudo que divide o homem é um pecado contra a humanidade'. Foram muitos dias de sacrifícios e tristeza nos dois lados da fronteira e agora precisamos abrir portas para diminuir a dor desses laços", disse.

    Ao lembrar de todos os fatos que provocaram o fechamento da representação diplomática, Kerry revelou que os três marinheiros que retiraram a bandeira do local em 1951 fizeram uma promessa: que "um dia voltariam a Havana e hasteariam a bandeira novamente".

    No fim de seu discurso, ele se dirigiu aos três e disse: "promessa feita, promessa cumprida". No mesmo instante, começou a cerimônia formal para o hasteamento com a presença dos marinheiros aposentados. As embaixadas de ambos os países haviam sido abertas no dia 20 de julho, mas até hoje, a bandeira dos EUA ainda não estava hasteada na ilha cubana. O ato formal marca a "retomada" das relações entre os dois países.

    - Discursos: Antes de Kerry, o novo embaixador dos EUA em Cuba, Jeffrey De Laurentis, agradeceu a todos que trabalharam "duramente" para que a reabertura acontecesse. Ressaltando a importância do ato para o futuro, o novo embaixador destacou que a ação de hoje "representa um novo capítulo" na relação entre os países.

    De Laurentis também lembrou o discurso de Barack Obama, que afirmava que ação é pensada para o futuro, e disse que todos estavam vivenciando algo que será lembrando como um passo "muito difícil, mas importante" para o futuro.

    A cerimônia também foi marcada pela declamação de um poema de Richard Blanco - que é conhecido por fazer as declamações nas duas posses de Obama na Presidência. Ele foi o primeiro imigrante latino a fazer o discurso na Casa Branca. Nascido na Espanha, ele foi criado em Cuba e, de lá, sua família se exilou em Miami. (ANSA)