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'La Nación': Brasil avança em seu acordo com a União Europeia

Em Bruxelas, Dilma diz que Mercosul e UE apresentarão ofertas para chegar a consenso 

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Apesar das resistências da Argentina, seu principal sócio no Mercosul, o Brasil manifestou sua disposição de lançar como prioridade um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE), como ressaltou ontem a presidenta brasileira, Dilma Rousseff , ao chegar a Bruxelas para a cúpula que reúne a Comunidade de Estados Latinoamericanos e do Caribe (Celac) e o bloco europeu, segundo matéria de Alberto Armendariz, publicada nesta quinta-feira (11/06) no jornal argentino La Nación

"Brasil e Mercosul estão em condições de apresentar suas ofertas comerciais à União Europeia, e creio que isso pode ocorrer nos próximos dias ou meses. Esperamos que, desta forma, a questão evolui de maneira satisfatória a partir do ponto de vista da União Europeia", apontou a mandatária depois de uma reunião com o primeiro ministro belga, Charles Michel.

As negociações comerciais entre o Mercosul e a UE se remontam aos anos 90, mas devido às sucessivas crises locais e internacionais ficaram estancadas, e as conversações apenas foram retomadas em 2010. Do lado do Mercosul, tanto Brasil como a Argentina defendiam a apresentação de uma oferta conjunta do bloco, mas nos últimos anos, a instancias dos sócios menores, Paraguai e Uruguai, foi se instalando a ideia de uma negociação a "duas velocidades". Como o Brasil agora está atravessando dificuldades econômicas e pretende abrir mais mercados para seus produtos, o governo de Dilma Rousseff aceitou a postura de chegar a acordos bilaterais fora do bloco se fosse necessário.

Essa posição ficou ontem em evidência com as declarações que deu a ministra da Agricultura brasileira, Katia Abreu, que integra a delegação brasileira em Bruxelas. "Em seu discurso, [Rousseff] vai pedir que o intercâmbio de ofertas seja este ano. Nós queremos entregá-la em julho e estaremos pronos", disse Abreu, que ao ser consultada sobre as reservas do governo de Cristina Kirchner defendeu o avanço unilateral se fosse necessário. "Se eles [os argentinos] querem ficar fora, nós estaremos prontos. Não tem sentido, politicamente para ela [a Argentina] ficar fora hoje, seria muito ruim. O ideal seria aceitar o acordo, mas se não quiser se somar, vai ficar de fora", afirmou a ministra.

Hoje, à margem da cúpula Celac-UE, os ministros de Relações Exteriores dos quatro sócios originais do Mercosul (a Venezuela não estará presente) vão manter um encontro com a comissária de Comércio europeia, Cecilia Malmstrom.

Apesar de Cristina Kirchner não participar da cúpula, seu chanceler, Héctor Timerman, reiterou ontem a postura do governo, que não deseja que um eventual acordo ponha em risco "nem um só posto de trabalho na Argentina".

"O Mercosul quer chegar a um acordo e a Argentina vai fazer todo o possível para que o acordo ao qual chegamos com a UE, se chegamos, beneficie especialmente os povos do Mercosul, porque acreditamos que não podemos sacrificar o bem-estar de nossa gente através de um acordo que não seja benéfico para nossos setores", indicou Timerman, que duvidou que o bloco europeu tenha terminada sua oferta.

Diante das dúvidas colocadas pela imprensa europeia sobre se realmente há uma postura comum do Mercosul, o ministro de Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior brasileiro, Armando Monteiro, buscou minimizar as diferenças entre Argentina e Brasil.

"A partir do ponto de vista do Brasil, o Mercosul tem condições de fazer esse acordo, e eu vou buscar sempre levar a todos os outros países. Nós nunca consideramos a possibilidade de chegar sem a Argentina", disse o funcionário de Dilma Rousseff.