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Às vésperas das eleições, México enfrenta onda de violência

Autoridades dizem que pleito é o 'mais complexo' da história

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No próximo domingo (07), mais de 83 milhões de mexicanos devem ir às urnas para escolher deputados, prefeitos e nove governadores. Mas, o pleito deve ser marcado por uma série de protestos e atos violentos em todo o país.

    O problema mais recente para as autoridades é a suspensão de uma das medidas da ampla reforma educacional implantada pelo presidente Enrique Peña Neto. Por causa dela, os professores convocaram um boicote às eleições e prometem impedir que os eleitores cheguem às zonas eleitorais. Segundo autoridades ouvidas pelo jornal "Eurovision", essas serão "as eleições mais complexas da história do Instituto Nacional Eleitoral (INE)" - que organiza o pleito.

    Além disso, a violência tem aumentado conforme o dia 7 de junho se aproxima. Vários candidatos às prefeituras mexicanas ou ao cargo legislativo foram assassinados durante comícios. Outro problema é a atuação do tráfico de drogas em determinadas regiões para garantir que "seus representantes" sejam eleitos. Por isso, o Exército e o INE já criaram um mapa em que apontam 12 mil locais de votações como "pontos vermelhos". O ranking foi criado com base em áreas que apresentam "insegurança", como "conflitos comunitários, zonas militares e dificuldades geográficas".

    Um dos locais mais críticos para a votação é o estado de Oaxaca, no sul do país. Como se não bastassem os problemas no dia do pleito, já foram registrados roubos de quase oito mil cédulas eleitorais na região. O estado de Guerrero também está em alerta máximo. Foi nessa região que desapareceram os 43 estudantes mexicanos que protestaram contra o prefeito de Ayotzinapa. A população local afirma que não há como votar com segurança e prometem fazer uma série de protestos no domingo.

    - Crise de confiança na política: Como se não bastassem os problemas sociais, o México também enfrenta uma crise política, em que os cidadãos não apoiam mais os partidos tradicionais e Peña Neto vê sua popularidade despencar.

    O tradicional Partido Revolucionário Institucional (PRI), do mandatário, está no centro da crise pelas mudanças na reforma eleitoral e por querer privatizar a maior estatal de petróleo, a Pemex.

    Já os opositores de direita não estão em melhor situação. O Partido de Ação Nacional (PAN), que conseguiu quebrar a hegemonia de 70 anos do PRI em 2000, tenta recuperar sua imagem após a saída do ex-presidente Felipe Calderón. Isso porque sua política militar para combater o tráfico de drogas não teve o resultado esperado e causou a morte de mais de 80 mil pessoas - além de deixar 20 mil desaparecidas.

    Os partidos de centro-esquerda, que poderiam se beneficiar com a queda de confiança das duas maiores siglas, estão rachados pelos problemas enfrentados no estado de Guerrero, com o desaparecimento dos 43 jovens.

    Com isso, pela primeira vez em sua história, o México verá a atuação de candidatos independentes, que devem preencher grande parte dos 15.832 cargos menores que estarão em disputa. (ANSA)