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'El País': Derrota da direita espanhola castiga uma geração de políticos

Rajoy fica isolado na direção do partido após mau desempenho no pleito de domingo

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O jornal espanhol El País publicou nesta segunda-feira (25/05) um artigo de Fernando Garea com uma análise dos resultados das eleições realizadas neste domingo. “Pelo bem ou pelo mal, vocês precisam se renovar. Foi esse o recado dado no domingo pelos eleitores espanhóis ao Partido Popular, marcando o final de toda uma geração na política do país e a necessidade de mudanças na direção partidária em várias regiões e municípios”, escreve Garea.

“O presidente do governo (primeiro-ministro) Mariano Rajoy ficou isolado, porque já não resta nenhum outro dirigente da sua geração, seja na cúpula do seu partido conservador, no Governo ou nas direções regionais. A exceção é Javier Arenas, que deixou a cena política da Andaluzia, mas ainda participa formalmente da direção do PP. São tantas as quedas que o PP de Rajoy fica numa situação de extrema debilidade política e institucional”, diz o artigo.

“São da geração de Rajoy, entre outros, Esperanza Aguirre, Luisa Fernanda Rudi, Teófila Martínez, Rita Barberá e Javier León de la Riva. Aguirre, que foi ministra no governo de José María Aznar junto com Rajoy, é o símbolo maior da derrota do partido nestas eleições. Apesar de ter recebido mais votos do que qualquer outro candidato em Madri, ela sai derrotada, obrigando a uma renovação do seu partido na capital.

Rudi, Martínez e Barberá foram promovidos por Aznar nos anos 90 e se tornaram pilares do poder territorial do PP de Rajoy em Aragão, Cádiz e Valência. Agora, fontes do PP veem como certo que a perda de poder os levará a abandonar a política, seguindo o caminho de todos os que compartilhavam a atividade política com o atual premiê”, continua Garea.

O jornalista indica que Rajoy será agora o único sobrevivente político da época de Aznar, período em que começaram a ocorrer algumas condutas que desembocaram em escândalos políticos como o chamado Caso Gürtel.

"A queda geracional destas eleições foi tão evidente que levou pela frente até mesmo outra fornada posterior de dirigentes regionais, surgida no início da ascensão de Rajoy à direção do PP. São os casos de Ignacio de Diego (Cantábria), María Dolores do Cospedal (Castela-La Mancha), José Antonio Monago (Estremadura) e José Ramón Bauzá (Baleares). Todos eles são barões regionais do PP com notável poder, foram símbolo de renovação em 2011 e agora passam à oposição ou, em alguns casos, anunciam sua aposentadoria política e sua incorporação ao metafórico Vale dos Caídos do PP.

Todos eles ascenderam em 2011 graças ao extraordinário resultado do PP, e nos últimos quatro anos foram o foco do poder territorial e um símbolo de força do partido. Agora, passam para a oposição.

O caso de Cospedal é especial, porque ela sustentou o partido enquanto governava Castela-La Mancha. Enfrentou sozinha o Caso Gürtel, como ela mesma diz, e agora fica como secretária-geral do PP, porém muito mais debilitada.

As quedas não são compensadas pelas chegadas, porque pouquíssimos novos nomes surgem destas eleições municipais e regionais. Cristina Cifuentes, por exemplo, conseguirá ser presidenta (governadora) da região de Madri se fizer um acordo com o partido Cidadãos, mas precisará disputar com Aguirre o controle do PP na capital", diz Garea.

"Essa mudança geracional preocupa muito os dirigentes do PP, por sua falta de conexão com o eleitorado e porque Rajoy disputará as eleições gerais contra candidatos de outra geração, como Pedro Sánchez, Albert Rivera, Pablo Iglesias e Alberto Garzón. No PP, neste panorama, não se observa a chegada iminente de novos líderes", conclui o artigo do El País.