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Itália terá que explicar Lei de Estabilidade à UE

Porém, Matteo Renzi disse que questionamentos são 'naturais'

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A Comissão Europeia enviará uma carta nesta quarta-feira (22) pedindo explicações sobre a Lei de Estabilidade italiana para saber se a medida não violará as regras do bloco econômico. Além da Itália, outros quatro países receberão o pedido de explicação, entre eles a França. Porém, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, afirmou que esse tipo de questionamento é "natural". "Nessas horas, fontes relevantes sempre dizem sobre a Lei de Estabilidade um 'chega uma carta da UE, o que ela quer dizer, qual a mensagem ou ameaça'. Mas isso tudo é natural, como é natural que a Itália seja protagonista com sua própria voz", disse o premier no Senado.

Ele ainda afirmou que quer "estimular a comunidade italiana, a opinião pública e os jornalistas a fazerem um salto de qualidade nessa discussão. Eu vos digo com franqueza, quando um 'subcomissário' da UE ou um porta-voz diz meia palavra, aparecem títulos [nos jornais] como 'A Europa ameaça a Itália'. Assim nós vivemos uma subordinação cultural".

Renzi destacou que é importante ressaltar sempre os fatos e não as possíveis ameaças. Ele também lembrou que a atual Comissão deixa o cargo amanhã (23) e que agora será "uma nova página" para o bloco. Segundo ele, na última reunião do Conselho da UE, foi a "primeira vez que se falou em crescimento" e não somente em restrições e austeridade.

De acordo com o premier, a Itália tem é que comemorar a vitória na UE de conseguir "propor e exigir um plano de investimentos de 300 bilhões de euros, o primeiro sinal de atenção real sobre o crescimento". Ele disse que o bloco não pode ser dependente do gás do "norte", mas sim em buscar soluções com parceiros africanos. A Lei de Estabilidade prevê um ambicioso corte de 18 bilhões de euros em impostos, incluindo a manutenção do bônus de 80 euros mensais no Imposto de Renda de quem recebe salários de até 1,5 mil euros e a ampliação desse benefício para mulheres que acabaram de ter filhos. Além disso, a partir de 2015, será zerado o componente trabalhista do Imposto Regional sobre as Atividades Produtivas (Irap) para as empresas e eliminadas as contribuições pagas nas contratações a tempo indeterminado. Itália e França já se envolveram em diversas discussões sobre a meta de austeridade de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Os franceses chegaram a dizer que não cumpririam a meta e que só conseguiriam atingir o número em 2017. Na semana passada, durante um encontro em Milão, as duas nações se comprometeram a respeitar o acordo.

Senado aprova discurso O Senado italiano, após a longa explanação de Renzi, aprovou por 152 votos a favor e 107 contra, o discurso que o premier fará durante a reunião dos chefes de Estado e de governo (Conselho Europeu) nos dias 23 e 24 de outubro em Bruxelas.