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FAO anuncia 100 milhões de pessoas a menos com fome

Programas contra a pobreza do Brasil são citados como exemplo

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 Segundo o Relatório sobre o Estado de Insegurança Alimentar no Mundo (Sofi), divulgado nesta terça-feira (16), pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), nos últimos 10 anos, houve uma diminuição de mais de 100 milhões de pessoas que passam fome no planeta. O Brasil é considerado exemplo, ao ter diminuído os índices de pobreza em mais de 16% na última década.

    O número, segundo o estudo, possibilita atingir um dos Objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM). Fixado pela ONU em 2000, um dos objetivos é acabar com 50% da fome no mundo até 2015.

    "Se os esforços forem adequados, imediatos e intensificados", diz o relatório apresentado pela FAO, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Ifad) e Programa Alimentar Mundial (PAM).

    O documento afirma que 63 países em vias de desenvolvimento alcançaram o objetivo de diminuir de forma significativa o número de pessoas desnutridas. Outros seis países poderão atingir a meta em 2015, diz o Sofi, que citou exemplos como o Programa Fome Zero, do Brasil, que reduziu a pobreza no país entre 24% a 8% entre 2001 e 2012. O programa, que contou com a atuação de diversos ministérios, teve um investimento de cerca de R$ 81 bilhões.

    Apesar dos números, o mundo, aponta a Sofi, ainda possui 805 milhões de pessoas sofrem com a fome, ou seja, uma para cada nove pessoas do planeta passa fome. A África e a Ásia são os continentes mais afetados pelo problema. Na África, uma em cada quatro pessoas sofre com a fome. No continente asiático, mais de 520 milhões de pessoas vivem o sem alimentação básica.

    O relatório é "a prova que temos condições de vencer a guerra contra a fome e deve inspirar os países à trabalharem, com assistência da comunidade internacional, se necessário", disse José Graziano da Silva, diretor geral da FAO, que considera o número de desnutridos no mundo ainda "inaceitavelmente alto" e por isso, enxerga a necessidade de "renovar o empenho político para combater a fome." Graziano da Silva, ao lado de Ertharim Cousin, diretora executivo do PAM e Kanayo Nwanze, presidente do Ifad, reafirmaram o compromisso criado na última reunião da União Africana sobre o tema, em junho, definiu para 2025 o prazo para acabar com a fome no continente.

Desperdício alimentar - Um terço dos alimentos do mundo são desperdiçados, o equivalente a 1,3 bilhão de toneladas, que poderiam acabar com a fome das populações que sofrem com a desnutrição crônica. A afirmação foi feita pela Confederação Nacional de Agricultores da Itália (Coldiretti), ao comentar o resultado do relatório da FAO. Segundo a Coldiretti, o desperdício de alimentos no mundo é dividido em 670 milhões de toneladas nos países desenvolvidos e 630 milhões nas nações em desenvolvimento.

    Ebola e segurança alimentar - Segundo Erharin, diretora do PAM, "Não é possível isolar milhões de pessoas por causa do ebola, sem analisar as conseqüências de insegurança alimentar." Países como Libéria, Serra Leoa e Guiné sofrem com o ebola e a falta de distribuição de alimentos, devido às medidas de combate ao vírus, que já matou mais de 2,5 mil pessoas. "O PAM delineou um plano de sustento alimentar imediato para 1,3 milhões de pessoas nestes três países", disse Ertharin.

    Estado Islâmico e a fome - A FAO também citou o grupo Estado Islâmico (EI, ex-Isis) em sua apresentação. Segundo a entidade, o EI "controla duas grandes centrais de armazenamento de cereais. Estamos enfrentando um grupo que detém o controle de fornecimento de alimentos", disse Ertharim. (ANSA)