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Após decapitação, Europa pode enviar armas ao Iraque

Jornalista norte-americano foi decapitado por jihadistas do Isis

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O anúncio da decapitação de um jornalista norte-americano por jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isis) gerou preocupação nos líderes europeus, que analisam enviar armas para combater o avanço do grupo.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, interrompeu suas férias e voltou nesta quarta-feira (20) a Londres para presidir uma reunião de emergência após a decapitação do jornalista norte-americano James Foley, anunciada ontem em um vídeo publicado pelo Isis. O repórter estava desaparecido há mais de um ano na Síria e o presidente dos EUA, Barack Obama, já foi informado da morte.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse em uma coletiva de imprensa em Berlim que o país está "pronto para enviar armas" ao norte do Iraque para combater o avanço do Isis, "em estreita colaboração com nossos parceiros europeus". "A ajuda humanitária é importante, mas não o suficiente [para resolver o problema]. Os métodos com os quais o Isis conduz a guerra são bárbaros", comentou.

Já a chanceler italiana, Federica Mogherini, afirmou que o Isis "representa uma ameaça não só para o Iraque, mas para toda a região, inclusive para a Europa e o mundo". Ela fez um discurso nesta quarta-feira à comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Itália, no mesmo dia em que o premier Matteo Renzi faz uma visita a Bagdá.

A ministra da Defesa italiana, Roberta Pinotti, também afirmou que Roma está pronta a fornecer aos curdos "armas automáticas e relativa munição" para defesa pessoal e aérea. Nos últimos dias, a Itália enviou seis vôos com ajuda humanitária para o norte do Iraque, totalizando 50 toneladas de itens de sobrevivência, água, proteínas, 200 tendas e 400 sacos de dormir.

Execução

 Ontem o Isis anunciou ter decapitado James Foley através de um vídeo na Internet intitulado "Mensagem à América". Após poucos minutos da publicação, o site YouTube desabilitou o vídeo e o perfil que o publicou foi suspenso. Nas imagens, o repórter aparece no deserto, de joelhos, com uma roupa laranja, e com um terrorista vestido de preto colocando uma faca em seu pescoço.

Os serviços secretos europeus estão estudando a autenticidade do vídeo para comparar o sotaque do executor com ex-prisioneiros de Guantánamo e com britânicos que se uniram ao Isis, informou o jornal "Washington Post", ressaltando que centenas de cidadãos do Reino Unido se mudaram para a Síria para combater na guerra civil e acabaram se aliando a jihadistas. De acordo com especialistas, o sotaque do executor seria do sul da Inglaterra, "provavelmente de Londres".

"Nunca estivemos tão orgulhosos do nosso filho como agora. Ele deu a própria vida tentando revelar ao mundo o sofrimento do povo sírio", disse Diane Foley, mãe de James Foley. "Pedimos para os sequestradores pouparem a vida dos outros reféns. São todos inocentes, como Jim era. Eles não têm controle da política do governo norte-americano no Iraque, na Síria ou em outras partes do mundo", publicou Diane em sua página no Facebook.

O Isis, que foi expulso do Al-Qaeda por ser considerado muito radical, tenta criar um califado entre o norte da Síria e do Iraque. Desde o começo do mês, os Estados Unidos estão bombardeando alvos ligados aos jihadistas, mas o presidente Barack Obama descartou a possibilidade de enviar tropas ao país. (ANSA)