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Conservadores criticam discurso de Renzi na UE

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O semestre de presidência italiana na União Europeia já começou envolvido em polêmica. Após discursar nesta quarta-feira (2) na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo (França), o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, foi criticado duramente pelo líder de bancada do Partido Popular Europeu (PPE), o alemão Manfred Weber, por pedir mais flexibilidade nas normas do bloco econômico.    

"O endividamento não cria futuro, apenas o destrói. Devemos continuar na linha do rigor. A Itália tem 130% de débito, onde ela pega dinheiro?", declarou o eurodeputado. O Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE obriga os países-membro a manter a dívida pública em, no máximo, 60% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que na Itália essa relação é de aproximadamente 130%.    

Weber também lembrou que Renzi pediu mais tempo para realizar as reformas de que sua nação precisa e que o mesmo benefício já foi concedido à França. "Mas as mudanças não foram vistas. Como vamos garantir que dessa vez elas serão feitas? E como explicaremos para Irlanda, Portugal, Grécia, Chipre e Espanha que somos mais flexíveis com as nações mais ricas?", acrescentou.    

No entanto a resposta do primeiro-ministro italiano veio no mesmo tom. "Ficaremos felizes em fazer do nosso semestre uma ocasião de discussão, mas erra quem levanta a arma do preconceito contra a Itália. Não aceitaremos lições de moral de ninguém. É verdade que a Itália tem uma dívida muito alta, mas também é verdade que tem uma riqueza privada quatro vezes superior", declarou.    

Além disso, Renzi recordou que, em 2003, a própria Alemanha violou o Pacto de Estabilidade da UE para incentivar a economia e hoje se tornou um "país que cresce". A réplica a Weber partiu também do líder de bancada do Partido Socialista Europeu (PSE), o italiano Gianni Pittella, que afirmou que se o bloco não flexibilizar suas normas a legenda poderá retirar o apoio à candidatura do conservador Jean-Claude Juncker (PPE) à presidência da Comissão Europeia, o poder executivo da União.    

"A declaração de Weber foi um movimento equivocado e um passo em falso, que coloca em risco a colaboração entre PPE e PSE", salientou. A Itália assumiu na última terça-feira (1º) a presidência rotativa da UE, cargo que foi ocupado no primeiro semestre pela Grécia. Matteo Renzi já declarou diversas vezes que pretende aproveitar os próximos seis meses para iniciar um percurso de reformas no bloco.