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Mobilização contra epidemia de ebola sem precedentes na Guiné

Doença começa a se espalhar pelo país

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A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) emitiu nota à imprensa nesta segunda-feira (31/3) confirmando oito casos de Ebola na capital da Guiné, Conacri,  que vem enfrentando uma epidemia sem precedentes em termos de distribuição dos casos. Segundo a organização, diversas regiões já foram afetadas pela doença.

Os Médicos Sem Fronteiras aumentaram as suas equipes nas regiões que estão registrando maior número de casos. No fim de semana, a entidade colocará em atividade cerca de 60 profissionais internacionais, com experiência no trabalho com a febre hemorrágica, divididos entre Conacri e o sudeste do país. “Estamos diante de uma epidemia com uma magnitude nunca antes vista em termos de distribuição de casos no país: Guéckédou, Macenta Kissidougou, Nzerekore e, agora, Conacri”, afirma Mariano Lugli, coordenador do projeto de MSF em Conacri. 

As equipes em campo contam com médicos, enfermeiros, epidemiologistas, especialistas em água e saneamento e antropólogos. Mais de 40 toneladas de equipamentos foram enviadas ao país, co o intuito de conter a proliferação da doença. Na capital da Guiné, o MSF criou um forte esquema de isolamento de pacientes no hospital de referência de Donka, em parceria com as autoridades de saúde guineanas e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outros pacientes em outras estruturas de saúde ainda estão hospitalizados em condições aquém do ideal, e o isolamento dessas pessoas deve ser reforçado nos próximos dias.

“MSF atuou em quase todos os surtos de Ebola reportados nos últimos anos, mas todos eram muito mais controlados geograficamente e envolviam localidades mais remotas. Essa proliferação geográfica é preocupante porque vai complicar bastante as atividades da organização para controle da epidemia”, diz Mariano. As equipes estão em busca de um lugar adequado para estabelecer uma nova estrutura para prestar suporte às autoridades de saúde locais. Paralelamente, o MSF está identificando pessoas que possam ter tido algum contato com pacientes infectados. Para a organização, o registro desses potenciais pacientes e seu isolamento é a única forma de conter a cadeia de transmissão do vírus. Atualmente, não há vacina ou tratamento para Ebola.

Nas últimas duas semanas, MSF rapidamente enviou equipes e estabeleceu duas estruturas para o isolamento de pacientes no sudeste do país, nas cidades de Guékédou e Macenta. Atividades de promoção da conscientização sobre a doença, além dos trabalhos de identificação de novos casos, estão em andamento com a ajuda da comunidade. Nesta região, o isolamento de pacientes identificados vai ajudar a controlar a proliferação do vírus.

“Na Guiné, o tipo de vírus Ebola é Zaire, que é o mais agressivo e fatal, e mata nove entre dez pacientes”, afirma Michel Van Herp, epidemiologista de MSF que está atualmente em Guékédou. “Para conter a epidemia, é importante traçar a cadeia de transmissão. Todos os contatos de pacientes que possam ter sido contaminados deveriam ser monitorados e isolados logo nos primeiros sinais de infecção.”, disse ele. Até o momento, as autoridades de saúde registraram 122 casos suspeitos e 78 mortes. Outros casos, suspeitos ou diagnosticados, foram descobertos em Serra Leoa e na Libéria. “É importante que as autoridades guineanas e a OMS auxiliem instalações médicas a colocarem em prática todas as medidas de higiene necessárias”, explica Michel.