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FT: Brasil está em pleno processo global de desenvolvimento tecnológico

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"O Brasil precisa aceitar a mudança para florescer". Esse é o título de uma das manchetes do jornal inglês especializado em negócios Financial Times, nesta quinta-feira (24/10), e aborda o aumento na produção da indústria de petróleo no país, que está incentivando uma "onda" de pesquisas na área de energia. Como cenário, a reportagem utiliza o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, justificando que a sua localização na Baía de Guanabara é estratégica dada a sua finalidade. A matéria explica que nesse local estão as grandiosas descobertas da Petrobras e esses campos em águas profundas são os conhecidos pré-sal, porque estão sob uma camada de cloreto de sódio e são responsáveis pelas inovações no setor da energia.

Segundo o FT, o parque tecnológico da universidade federal no Rio está desempenhando o seu papel, desempenhando software para empresas do ramos petrolíferos e ajudando na exploração das descobertas. "O parque está em vigor há 10 anos. A velocidade de seu desenvolvimento tem sido quase assustadora", comentou ao FT o diretor-executivo do projeto, Maurício Guedes.

Avaliando o fenômeno recente, o FT afirma que como o Brasil é a sexta ou sétima maior economia do mundo, de acordo com a taxa de câmbio, o país quer garantir o seu lugar no ranking das inovações, pesquisa e desenvolvimento, mesmo não sendo capacitado ainda para ser um fabricante ou produtor de commodities. O sucesso, na opinião do veículo, vai depender de como o país vai compensar os altos custos e as mudanças demográficas provenientes da aceleração da produção tecnológica. O jornal informa que o Fórum Econômico Mundial classifica o Brasil na fase final da transição para uma economia desenvolvida, caracterizada pela evolução a partir de um modelo de crescimento eficiente e orientado pela inovação de outros semelhantes. 

O Financial Times destaca que o Brasil tem feito progressos em inovação, pesquisa e desenvolvimento e cita a Embraer, a terceira maior produtora de jatos comerciais do mundo em unidades vendidas, considerando o seu projeto inovador tanto em termos de negócios quanto de produção de aeronaves. O FT elogia a empresa pela iniciativa de trabalhar com a sua cadeia global de fornecimento de compomentes originais, compartilhando também o risco de desenvolvimento de produtos e convidando os fornecedores para participar como parceiros de seus programas. No mesmo contexto, o FT comentou também a experiência bem sucedida da agência de pesquisa agrícola Embrapa, que trouxe para o país a soja da Ásia e o gado da Índia, para superar os problemas gerados pelas duras condições do cerrado e da savana brasileiros.

Retornando aos comentários sobre a Petrobras e o pré-sal, o jornal enfoca que com a maior parte de sua produção offshore, a estatal está adentrando cada vez mais o oceano em busca de reservas, citando como exemplo o campo de Lula. De acordo com a reportagem, o centro de pesquisa que fica próximo ao Parque Tecnológico do Rio, 227 laboratórios foram instalados no local e desenvolvem pesquisas diversas, desde a tecnologia sísmica para avaliar campos em águas profundas como para os materiais necessários para resistir à produtos químicos corrosivos e às altas temperaturas das jazidas de petróleo.

No setor automotivo, o FT diz que o Brasil é conhecido por inovações importantes. "Não só tem adaptado o uso do motor 'Flex' - capaz de funcionar com etanol ou gasolina -, mas várias empresas têm desenvolvido modelos originais. Chevrolet construiu a minivan Meriva em São Paulo e a Volkswagen criou o pequeno carro Fox especialmente para o Brasil", destaca o texto. No setor on-line, o FT também coloca o país em desenvolvimento, citando o uso do smartphone e do Facebook. "O número de investimentos de capital de risco está aumentando. Baseado em dados de inicialização DealBook Brasil, tecnologia start-ups que aumentou de 45, em 2011, para 79 no ano passado", diz a reportagem.

No final da reportagem, o Financial Times avalia que alguns desafios podem interferir nesse pleno processo de desenvolvimento tecnológico. O jornal destaca um depoimento do consultor americano Nicholas M. Donofrio, do NMD Consulting, sobre a questão. O especialista diz que "um fato importante é que o Brasil precisa organizar-se melhor através de investimentos em infra-estrutura e escolas (...) Não é que o Brasil carece de talento (...) A questão é que você tem isso organizado de uma forma que pode ser colaborativo e multi-disciplinar". A reportagem fornece dados do Fórum Econômico Mundial em termos de inovação, apontando o Brasil no 55o. lugar quanto o índice de competitividade global, em comparação com a China e a Índia, que estão no 32o. e 41o., respectivamente.