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Imprensa internacional classifica decisão de Dilma como resposta à espionagem

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A decisão da presidente Dilma Rousseff de cancelar a sua visita de Estado a Washington, que aconteceria no final de outubro, foi uma das principais manchetes nos jornais internacionais desta quarta-feira (18/9). O New York Times classificou a decisão de Dilma como “uma forte censura ao governo Obama e resposta às atividades da Agência de Segurança Nacional (NSA), que espionou  os seus contatos com assessores  e a Petrobras”. O britânico The Guardian destacou que a presidente brasileira “esnobou Obama” com o cancelamento da viagem e a atitude foi em protesto pela falta de explicações do governo americano sobre as denúncias de espionagem. 

Já o Washington Post publicou uma versão diferente, dando mais ênfase à possibilidade de a presidente Dilma Rousseff ter sofrido “pressões” do PT e alerta sobre os riscos do cancelamento, que pode acarretar prejuízos econômicos ao Brasil. O El Paìs usou a expressão “inteligente” para definir a atitude de Dilma Rousseff.

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Na matéria publicada no El Paìs, o cancelamento da viagem de Dilma aos Estados Unidos por tempo indeterminado é uma forma de o governo brasileiro se manter firme na posição de exigir explicações de Washington sobre as denúncias de espionagem. "A audácia da presidente brasileira (...) tem dois lados claros: uma de política internacional e outra de política interna. E, em ambas, Rousseff parece ter marcado um gol para o Brasil", diz o texto do El Paìs. O "The Guardian" dimensiona a importância do convite do presidente Obama, especialmente nas negociações comerciais entre os dois países. "Ela foi a única líder estrangeira neste ano a ser convidada para um jantar de Estado na Casa Branca, e executivos planejavam usar a visita para assinar acordos de exploração de petróleo e de vendas de jatos de combate", destaca a publicação.

O francês "Le Monde" repercute a decisão da presidente brasileira destacando que "as revelações sobre a espionagem estadunidense ao Brasil (...) fragilizaram um pouco mais as relações diplomáticas entre os dois países". Em um dos trechos da matéria, o veículo afirma que a notícia não foi bem recebida na Casa Branca. O New York Times comenta as consequências das espionagens praticadas pela NSA não só ao Brasil, mas alerta que as relações de Washington com uma série de países podem se agravar por causa das denúncias de Edward Snowden, incluindo os aliados europeus, como a Alemanha.  O veículo se refere ao Brasil na sua reportagem como “a maior nação da América Latina”, que tomou uma decisão “extremamente rara nos anais da diplomacia”, se referindo ao cancelamento da viagem de Dilma, e alerta que o fato pode representar um retrocesso dos anos de esforços do governo americano para reconhecer o perfil crescente do Brasil no mundo em desenvolvimento e de tentar superar a influência da China como principal parceira comercial do Brasil.