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Estados Unidos recua no ataque à Síria. França diz que pode agir sozinha

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao Congresso para votar um ataque à Síria em resposta ao governo de Damasco pelo uso de armas químicas, eliminando qualquer intervenção imediata. O recuo americano não agradou os israelenses, que esperavam por uma ação imediata do governo americano. Israel continua resistente em cumprir a promessa de impedir o Irã de fabricar uma bomba nuclear por meio da força militar. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou neste domingo (01/09) que Israel está pronto para enfrentar os seus inimigos sozinho, sem a ajuda de Washington. "Os cidadãos de Israel devem saber que nossos inimigos têm muito boas razões para não testar o nosso poder e para não testar a nossa força", disse o primeiro-ministro.

Navios da Marinha americana estão posicionados e aguardando ordens para lançar mísseis. Os inspetores da ONU deixaram a Síria depois de reunir provas de um ataque com armas químicas que as autoridades norte-americanas afirmam ter matado 1429 pessoas em áreas controladas pelos rebeldes. Segundo o secretário de Estado americano, John Kerry, as provas recolhidas após o ataque na Síria, que foram analisadas pelos Estados Unidos, deram resultado positivo para o uso de gás sarin. A confirmação veio neste domingo (01/08), mas na sexta-feira (30), a Casa Branca havia divulgado um relatório dos serviços prestados pelas equipes da ONU, concluindo que o governo de Bashar al-Assad utilizou armas químicas nos ataques nos arredores de Damasco, no dia 21 de agosto.

O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Moqdad, em pronunciamento neste domingo (01), em Damasco, disse que o governo americano é "confuso e indeciso" e acusou o governo francês de ser "irresponsável" e "apoiar organizações como a Al-Qaeda". O jornal francês Le Journal du Dimanche publicou neste domingo (01) uma reportagem informando que os serviços de inteligência do país têm provas de que o governo de Bashar al Assad possui mil toneladas de armas químicas e agentes tóxicos. Entre eles, o jornal cita os gases sarin, mostarda e VX e reforça a tese de que eles foram usados no dia 21 de agosto. O veículo revela que os documentos “franceses que provam que Damasco possui uma das maiores reservas operativas do mundo” serão divulgados nos próximos dias. O jornal dá detalhes sobre o arsenal químico usado pela Síria e destaca depoimentos de fontes oficiais, não identificadas na matéria, sobre como as armas foram lançadas e as estratégias de Assad com a ação.

Após o recuo americano, o governo da França já anunciou neste domingo (01) que pode agir sozinho como a Síria. O primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault vai se reunir nesta segunda-feira (02) com legisladores para saber a melhor forma de responder às denúncias de ataques por armas químicas ordenados por Assad.

A oposição síria pediu neste domingo (01) para que os membros do Congresso americano "façam a coisa certa", aprovando o ataque à Síria. O porta-voz do Conselho Nacional Sírio (CNS), Louay Safi, classificou a decisão de Obama como "fracasso de liderança" dos Estados Unidos. Safi afirmou que o comportamento americano, em adiar a ação militar contra o regime de Al-Assad, pode encoraja-lo a repetir os ataques por armas químicas e eles podem acontecer de forma ainda mais severa.

A decisão do governo americano em recuar nos ataques à Síria, a reação da França e de Israel causaram inquietação em vários outros países. A situação é de tensão no Oriente Médio. A polícia turca bloqueou neste domingo (01) o acesso ao Parque Gezi, que fica em Istambul e é considerado o epicentro de grandes movimentos de protesto contra o governo, como aconteceu no mês de junho. A ação foi para inibir uma manifestação a favor da paz no mundo e, mais especialmente, na Síria. Os policiais bloquearam os portões de acesso e cerca de mil manifestantes se reagruparam na avenida Istiklal, próxima ao parque, formando uma corrente humana.

No Irã, o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani se manifestou contra o governo sírio, neste domingo (01). "As pessoas têm sido alvo de ataques químicos por seu próprio governo e, agora, eles também devem esperar por um ataque de estrangeiros. O povo da Síria tem sofrido muito nesses dois anos", disse Rafsanjani. A Ong Observatório Sírio para Direitos Humanos afirmou neste domingo (01), que ao menos 110.371 pessoas foram mortas na Síria desde o início da revolta contra o regime do presidente Bashar al-Assad. Em 26 de junho, a Ong havia registrado 100191 mortos.

Após as manifestações mundiais, o presidente da Síria, Bashar al Assad, afirmou neste domingo (01) que o seu país continuará lutando contra o terrorismo de rebeldes. Assad disse em rede de televisão que as ameaças de ataques dos Estados Unidos não vão mudar os seus planos. O presidente sírio se reuniu com o assessor de segurança do Irã, Alaeddin Boroujerdi, e, no encontro, destacou que "as ameaças americanas não vão fazer que a Síria abandone seus princípios e sua luta contra o terrorismo".