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Médicos cubanos são bodes expiatórios no Brasil

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As ofensas aos médicos cubanos proferidas por seus colegas de trabalho brasileiros é destaque nesta quinta-feira, no jornal espanhol El Paìs (Madri). A reportagem de Juan Arias comenta as agressões verbais feitas pelos médicos brasileiros, que chamaram os cubanos de “escravos” e de um grupo de mulheres que gritavam para as médicas cubanas que elas pareciam “empregadas domésticas”. O texto de Arias dá razão ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em classificar os atos como “xenofobia”.

Na matéria, Arias enumera fatos políticos e sociais que podem estar causando revolta na classe médica, com reações de descontentamento e críticas próprias de um país democrático, que tem liberdade de expressão. Mas, é injusto ofender os médicos cubanos que desembarcaram no país acenando com a bandeira brasileira. O jornal considera que os médicos cubanos tornaram-se “bodes expiatórios”. Arias destaca uma entrevista do médico cubano Juan Delgado, que foi vaiado em Fortaleza, num trecho em que ele afirma estar no país para ir onde os profissionais brasileiros não querem ir, nas cidades mais pobres.

O El Paìs traça um perfil dos médicos cubanos que estão no Brasil, citando que alguns são jovens e outros até aposentados em seus países, mas trazem uma história em seus corações. “Alguns podem ter escolhido o Brasil por gostarem do sol e o calor do seu povo, ou porque eles querem viver em um país democrático, um sopro de liberdade que eles não sabem”, destaca o texto. Arias cita que, talvez, para alguns médicos essa oportunidade pode representar uma secreta esperança de pedir asilo político, apesar do governo brasileiro já ter informado que esse procedimento não é permitido.