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ONU quer ação para fim da violência contra mulheres indígenas no mundo

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Um novo estudo das Nações Unidas ressalta que a violência contra meninas e mulheres indígenas é pouco discutida e velada na maioria dos países. O levantamento foi divulgado pelo Fundo da ONU para a Infância (Unicef), o Fundo para População (Unfpa), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a ONU Mulheres.

As agências pedem ação para o fim das violações dos direitos humanos contra mulheres de comunidades indígenas. Para a ativista Vega Ortega, já é um "grande passo reconhecer o problema e discutir o assunto". 

No lançamento do relatório, em Nova York, ela contou que os povos indígenas sofrem com "exclusão, pobreza e migração", além de serem "ignorados e discriminados".

Baseado em informações sobre a África, Ásia e América Latina, o estudo mostra que a violência contra as indígenas é intensificada pelo histórico de dominação colonial, exclusão política e econômica e a falta de serviços básicos. 

Em sete países da América Latina, incluindo o Brasil, 36% da população indígena, menor de 18 anos, não têm acesso adequado à água potável. A região abriga cerca de 50 milhões de indígenas, espalhados por 642 comunidades, sendo a maioria na Bolívia, no Equador, na Guatemala e no México.

Na Bolívia, onde 62% da população é indígena, 29% das mulheres de 15 a 49 anos da cidade de Potosí já sofreram violência física ou sexual do parceiro. O relatório traz depoimentos de uma comunidade indígena boliviana, onde meninas foram enviadas para a cidade com a promessa de que iriam estudar. Mas muitas voltaram grávidas ou nem retornaram.

Para o Unicef, o estudo destaca a urgência em reconhecer as várias formas de violência contra meninas e mulheres indígenas, incluindo abusos domésticos, conflitos e exploração. Na Guatemala, 65% das trabalhadoras domésticas são indígenas, trabalhando até 14 horas por dia e sofrendo risco de abuso sexual e físico.

As indígenas enfrentam ainda negligência, exploração, tráfico humano, trabalho forçado e escravo. O relatório explica que essa violência contribui para traumas, baixa estima, saúde precária e baixo rendimento escolar.

Esses fatores são muitas vezes associados a casos de depressão, abuso de álcool e drogas, autoflagelo e suicídio.

O estudo recomenda reforço das leis que proíbem todas as formas de violência, além de priorizar a prevenção, com ações nas comunidades que incluam a participação de homens e meninos.