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Chile: médico que teria matado Neruda é identificado

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SANTIAGO DO CHILE - O médico que cuidou do poeta chileno Pablo Neruda na época de seu falecimento foi Michael Townley, o ex-agente da CIA que foi processado pelas mortes de opositores chilenos na época da ditadura, informou o ex-assistente do escritor, Manuel Araya. 

O motorista pessoal do poeta em seu último ano de vida explicou, em entrevista à ANSA, que o doutor Sergio Drapper, que deveria ter injetado o medicamento no poeta, que Araya alega ter sido veneno, acusa um médico conhecido como Price de ter feito a aplicação. 

O motorista disse que as características de Price -- cerca de 1,80 m de altura, figura magra e loira -- se assemelham às de Michael Townley, "que fez maldade com Neruda e outros que serão identificados pelas investigações". 

Araya, que levantou a hipótese de Neruda ter sido morto pela ditadura militar chilena (1973-1990), ainda disse que em duas semanas devem ser conhecidos os nomes dos outros dois médicos ligados ao caso. 

"Estamos no caminho certo", disse, acrescentando que apareceram mais evidências "estranhas" sobre o dia que o escritor foi morto. 

Neruda faleceu em 23 de setembro de 1973, na clínica Santa Maria, 12 dias após o golpe de Estado contra o governo de Salvador Allende, que instaurou a ditadura militar no país. 

O poeta sofria de câncer de próstata e, de acordo com o boletim médico da época, essa teria sido a causa de sua morte, versão que Araya nega. Para o chofer, o escritor foi assassinado por forças do governo. 

Townley, casado com a escritora chilena Mariana Callejas, militava em um movimento de ultra-direita, que era opositor do governo de Salvador Allende (1908-1973). Após o golpe militar ele entrou para os serviços de inteligência dos Estados Unidos, matando figuras contrárias ao regime, entre elas do general Carlos Prats e do ex-chanceler Orlando Letelier.