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Morre o ex-primeiro-ministro da Itália Giulio Andreotti

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Morreu aos 94 anos, em Roma, o ex-primeiro-ministro da Itália Giulio Andreotti. Desde 1991 era senador vitalício por nomeação presidencial.

Líder do Partido Democrata-Cristão italiano, Andreotti foi primeiro-ministro nos períodos de 1972-1973, 1976-1979 e 1989-1992.

Iniciou a carreira política em 1946 como deputado, embora fosse dirigente da Democracia Cristã desde 1944. Antes, era jornalista de profissão, tendo sido co-fundador do Popolo, o jornal do seu partido. Foi colaborador de Alcide De Gasperi, passando por todos os seus governos com as mais variadas funções.

Em 1954 foi ministro do Interior; em 1955, das Finanças; em 1966, fez parte do terceiro governo de Aldo Moro; entre fevereiro de 1972 e junho do ano seguinte presidiu a um governo democrata-cristão, com o apoio dos partidos de centro; em junho de 1976, após as eleições gerais, assumiu o poder com um gabinete democrata-cristão minoritário, que só pôde governar devido à abstenção do grupo parlamentar comunista.

Em 1978, Andreotti formou governo com o Partido Comunista, dispondo assim de uma maioria absoluta parlamentar. No ano seguinte, o gabinete de coligação chegou ao fim devido à polêmica adesão da Itália ao sistema monetário europeu, à qual os comunistas se opunham. A forte oposição dos socialistas impediria Andreotti de cumprir à risca o seu programa de luta contra a inflação.

Em 1983 assumiu o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros e em 1989 formou um governo de coligação, sucedendo a Ciriaco De Mita. Até ao ano da sua demissão, em 1992, conduziu governos de centro-direita, centro-esquerda e de unidade nacional. No que diz respeito à política externa, mostrou-se tendenciosamente pró-árabe, mas também atlantista.

Em 1993, para além de vários escândalos políticos, a Justiça acusou Andreotti de delitos com ligação à Máfia e a esquemas de financiamento ilegal de partidos políticos. O seu julgamento teve início em 1995, mas Andreotti acabou por ser absolvido em 1999.

Porém, em 2001, Giulio Andreotti foi enfim condenado a 24 anos de prisão, acusado de cumplicidade com os assassinos do jornalista Mino Pecorelli, em 1979. No entanto, não pôde ser preso pois gozava de imunidade pela sua condição de senador vitalício.

O tribunal de apelação de Perugia, centro de Itália, rejeitou a sentença de absolvição emitida por um tribunal de primeira instância, em 1999, que considerava que Andreottti nada tinha a ver com a morte do jornalista.