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Cardeal minimiza escândalos: "Desafio do novo Papa será difundir o Evangelho"

Dom Damasceno é um dos cinco brasileiros que vão participar do Conclave, em Roma

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Arcebispo de Aparecida do Norte (SP), presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e considerado o principal representante da Igreja Católica na América Latina, Dom Raymundo Damasceno é um dos 115 cardeais responsáveis pela escolha do substituto de Joseph Ratzinger (Bento XVI, que renunciou no último dia 28). Em Roma, Dom Damasceno participa de reuniões que antecedem o Conclave que só terminará quando o nome do novo Santo Padre for escolhido.

Aos 76 anos, Dom Damasceno não acredita que o principal desafio do novo pontífice será combater os escândalos de corrupção e pedofilia que assolam a Igreja Católica. Pelo contrário. Para ele, a grande messe será anunciar o Evangelho no mundo de hoje.

JB: Depois da renúncia de Bento XVI, qual será o principal desafio do novo pontífice?

Dom Damasceno: No mundo moderno, em constante transformação, anunciar o Evangelho tornou-se a mais difícil missão de toda a Igreja Católica. Com o novo Papa, não há de ser diferente. O desafio de anunciar o Evangelho para a Humanidade é maior que esses outros problemas (escândalos de pedofilia e corrupção) . Vivemos num mundo marcado pelo progresso científico. Assim, o Evangelho deve ser pregado como uma luz para a vida da pessoas. Não é fácil mostrar Jesus como referência no mundo de moderno, que é pluricultural e plurireligioso, ainda mais diante de tantas injustiças sociais. Vivemos num mundo onde as pessoas pensam poder realizar sua própria felicidade sozinhas. É como se não dependessem mais do Nosso Senhor.

>> Cardeais participam de reuniões antes do Conclave

JB: Cinco brasileiros, incluindo o sr.,estão aptos a participar do Conclave e também de serem votados. O sr. acredita que o novo Papa pode ser brasileiro? Dentre  o grupo do Brasil, algum deles (dom João Braz de Aviz, dom Odilo Scherer, dom Claudio Hummes e dom Geraldo Majella Agnelo) tem mais chances?

Dom Damasceno: Todos - sejam brasileiros ou não - têm chances. Todos os cardeais estão aptos a votar e a receber votos. Não há nenhuma chance de prever isso. Depois que o Conclave começar é que a gente vai ver o que foi decidido. Por enquanto, todos estão em iguais condições. Só o Conclave poderá revelar quem tem mais chances. O que importa é que seja alguém muito virtuoso.

JB: Quais as características que o sr. poderia classificar como "bem vindas" ao novo pontífice?

Dom Damasceno: Eu espero de coração que o novo Papa escolhido seja de grande amor ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Que seja um homem virtuoso que se ponha integralmente à serviço do povo de Deus. Que tenha disposição para servir, principalmente, àqueles que ainda não conhecem o Evangelho. 

JB: Se o sr. pudesse mandar uma mensagem para os católicos que aguardam, ávidos, pelo nome do novo Papa, o que o sr. diria?

Dom Damasceno: Peço para que os católicos se unam em oração com a gente que está aqui em Roma. Peço para que todos orem para que o Espírito Santo nos abençoe na escolha daquele que vai exercer o Ministério de Pedro - o pontificado. Com a luz do Espírito Santo, escolheremos a pessoa mais adequada para ocupar a cadeira de Papa.