Uma longa reportagem publicada pelo portal de notícias da rede Univisón, cadeia televisiva em espanhol que tem sede nos Estados Unidos, afirma que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi transferido da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde estava internado desde o dia 11 de dezembro em Havana para um hospital "secreto" que opera "nos corredores construídos há décadas embaixo da Praça da Revolução", na capital cubana. Com o título “os segredos de Chávez em Havana”, a reportagem diz que “fontes que tiveram conhecimento da operação” informaram que o mandatário foi transferido para deter “os constantes vazamentos de informações” sobre sua saúde.
O hospital-bunker onde Chávez está agora, segundo a rede, estava reservado unicamente para situações de emergência envolvendo o líder cubano Fidel Castro. O portal da Univisón diz que os familiares do presidente continuam indo ao Centro de Pesquisa de Medicina e Cirurgia (Cimeq), hospital onde Chávez estava internado até a semana passada, para acobertar a possível transferência.
O estado de saúde do presidente "continua crítico", de acordo com a reportagem. Outra fonte não identificada afirmou que viu fotos de Chávez. O presidente teria perdido cerca de 22 quilos e estaria “tão magro que é impossível apresente uma foto dele aos meios de comunicação”. A mesma fonte afirmou que o líder venezuelano sofreu um infarto durante a "prolongada operação na qual foram extraídas partes do intestino e a próstata".
A mais recente declaração oficial sobre a saúde do líder foi dada pelo vice-presidente do país, Nicolás Maduro, em entrevista à Agência EFE na última sexta-feira. Ele afirmou que esteve com Chávez no dia 14 de janeiro e que via o presidente “muito tranquilo, muito sereno, muito consciente de todas as fases pelas quais passou no pós-operatório”.
Já o último boletim divulgado pelo governo da Venezuela dizia que o presidente estava se recuperando favoravelmente. “Ele se mantém cumprindo estritamente com o tratamento médico”, afirmava o documento assinado por Maduro no dia 13 de janeiro. No entanto, diante das especulações, o ministro de Comunicação da Venezuela, Ernesto Villegas, reiterou ontem que Chávez "está vivo e travando uma batalha" e assegurou que o governo seguirá informando sobre a saúde do chefe de Estado na medida em que surjam novidades.
Em suas últimas aparições, Maduro tem criticado a divulgação de notícias que ele chama de “mentirosas” sobre o estado de saúde do presidente por meios “de ultradireita”. O vice concentra suas críticas no jornal espanholABC e nos veículos do grupo Univisión. "Eles todos os dias estão em uma guerra suja contra nosso povo, é o que chamam de guerra psicológica (...) Respeitem o presidente Chávez, respeitem suas filhas", disse Maduro neste sábado durante uma atividade de rua transmitida pelo canal estatal VTV.
O presidente da Venezuela está hospitalizado em Havana há um mês e meio, se recuperando de uma delicada cirurgia contra um câncer, a quarta em um ano e meio. No poder desde 1999 e reeleito no pleito de outubro para um novo mandato de seis anos, Chávez não juramentou seu cargo no dia 10 de janeiro, como estipula a Constituição, por conta de seu estado de saúde, embora a Corte Suprema de Justiça (TSJ) tenha aprovado no dia 9 a postergação do ato e a continuidade do governo chavista. Com isso, o vice-presidente – que não foi eleito, pois, na Venezuela o cargo é por indicação, assim como os ministros – está à frente do Palácio de Miraflores.