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Vice uruguaio insiste nas críticas ao ingresso da Venezuela no Mercosul

Chanceler do Uruguai foi convocado ao senado para explicar suas declarações 

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O chanceler uruguaio Luis Almagro foi convocado ao Senado para dar explicações sobre a suspensão do Paraguai e a entrada da Venezuela no Mercosul, informou o jornal local El País. A oposição quer explicações depois das declarações polêmicas da autoridade à rádio “El Espectador”.

Na entrevista, Almagro afirmou que a entrada da Venezuela no Mercosul foi um “pedido da presidente Dilma Roussef”, que pressionou o país a aceitar Caracas no bloco, mesmo sabendo das divergências com os outros país sul-americanos. O político declarou ainda que tinha “dúvidas em relação à legalidade do processo”, já que o parlamento do Paraguai não pode se posicionar, devido a suspensão temporária do país do bloco, em represália ao impeachment relâmpago contra o presidente Fernando Lugo.

Nesta terça-feira (3), o vice-presidente uruguaio, Danilo Astori, respaldou a posição do chanceler ao afirmar que não compartilhava da decisão sobre o ingresso da Venezuela como membro pois se trata de "uma agressão institucional muito importante para o Mercosul”. 

Com as declarações dos dois - chanceler e vice-presidente -, aumentou no Uruguai a pressão dos dois principais partidos políticos - Nacional e Colorado - pela renúncia de ambos.

Traição

Ainda nesta terça-feira, o principal periódico do Paraguai, “ABC Color”, publicou editorial elogiando a postura “sincera” de Almagro e criticando duramente a presidente Dilma Roussef. O jornal afirma que a brasileira “traiu o povo paraguaio e os brasiguaios que vivem no país”, ao tomar decisões baseadas apenas em “interesses comerciais e econômicos, ao invés de respeitar a democracia, valor alegado pela presidente para suspender o Paraguai do Mercosul”.

"O Brasil agora conta com um aliado político dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, mas com um povo mergulhado na pobreza e desemprego”, acrescenta o editorial.

Oposição no Brasil

O deputado Bruno Araújo (PE/PSDB)afirmou ao mesmo jornal que considera“gravíssimos” os indicativos de que a Venezuela entrou de "maneira forçada" an Mercosul. Em relação a destituição do ex-presidente Lugo do poder, o político acredita que o governo brasileiro não respeitou o princípio de “não intervenção política internacional” garantido na Constituição (brasileira). 

Ele declarou ainda que a entrada de Caracas no bloco é uma vitória pessoal de Hugo Chaves, tendo em vista as eleições presidenciais que ocorrerão na Venezuela ainda este ano. 

Explicações

Na segunda-feira (2), a Argentina e Brasil negaram a versão do chanceler de que o Uruguai foi forçado pelos dois países a aceitar a adesão da Venezuela ao Mercosul. Cristina Kirchner desmentiu Almagro através de um comunicado da chancelaria e o assessor da Presidência brasileira para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, rejeitou a história de que a entrada de Chávez no bloco teria sido um pedido de Dilma Rousseff.