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Lugo desiste de ir à reunião de cúpula do Mercosul 

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O ex-presidente Fernando Lugo decidiu nesta terça-feira (26) rever a sua decisão de ir à cúpula do Mercosul. Lugo disse que não irá à cúpula porque não quer fazer pressão sobre os governos dos países vizinhos. O Paraguai será o principal tema da reunião.

Ele também admitiu que somente um “milagre” convencerá o Senado paraguaio a rever o impeachment. Na segunda-feira, a Suprema Corte paraguaia pronunciou-se a favor da constitucionalidade do impeachment. E a Justiça Eleitoral legitimou a Presidência de Franco.

O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, pediu à presidente Dilma Rousseff que ouça seus “compatriotas”. Nesta terça-feira ele recebeu 12 representantes da comunidade brasileira no país, que pediram audiência para dar apoio ao seu governo.

“Eu diria à presidente Dilma que seria muito importante que ela consulte seus compatriotas”, disse Franco, em entrevista coletiva, após o encontro. Ele se referia aos 350 mil brasiguaios – como são chamados os colonos brasileiros no Paraguai e seus descendentes, a maioria produtores e trabalhadores agrícolas.

“Durante o governo de [Fernando] Lugo nos sentíamos desprotegidos. Nossas terras eram invadidas por gente armada e a polícia nada fazia”, disse o produtor brasileiro Aurio Frighetto, em entrevista por telefone à Agência Brasil. “Para nós e importante que a presidenta Dilma nos ouça, a fim de entender o que está acontecendo aqui. Franco prometeu fazer respeitar a lei. e nós nos comprometemos a ajudar os camponeses paraguaios com máquinas agrícolas e tecnologia”, declarou Frighetto.

Na sexta-feira (29), os presidentes de três dos quatro países do Mercosul (bloco de integração regional, formado pelo por Brasil, pela Argentina, pelo Uruguai e Paraguai) se reunirão na cidade argentina de Mendoza. Franco está fora da cúpula. Os demais países questionam a legitimidade do impeachment relâmpago que resultou na destituição de Lugo e na posse de seu vice.

O novo governo de Federico Franco argumenta que o Congresso respeitou o procedimento legal para destituir Lugo. Pela Constituição paraguaia, o Senado tem poderes para determinar os prazos do processo de impeachment, e o ex-presidente aceitou submeter-se ao julgamento político. Ele foi acusado de mau desempenho de suas funções e incapaz de manter a ordem pública.

“Quando nossas terras eram invadidas e pedíamos o apoio da Embaixada do Brasil, nos diziam que estavam com as mãos atadas porque o Paraguai é um país soberano e não iam se intrometer em assuntos internos paraguaios”, disse Frighetto, que está no Paraguai há 42 anos. “Agora que o novo presidente nos promete fazer cumprir a lei, os países vizinhos ameaçam o Paraguai com represálias”, completou.

Em entrevista, após o encontro com os brasiguaios, Franco disse que “quando as terras dos brasiguaios eram invadidas, o pessoal da embaixada lhes respondia que este era um país autônomo”, disse o novo presidente. Agora, Franco pede aos demais países da região que respeitem a soberania paraguaia.