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Putin se prepara para voltar ao Kremlin em um ambiente tenso 

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O primeiro-ministro e homem forte da Rússia, Vladimir Putin, quer voltar ao Kremlin após as eleições presidenciais do dia 4 de março, cujo resultado é previsível, mas em um ambiente de protestos sem precedentes desde a sua chegada ao poder em 2000.

Na segunda-feira, a emissora de TV favorável ao Kremlin, Pervyi Kanal, anunciou, a seis dias da votação, uma tentativa de assassinato de Putin por parte de islamitas chechenos.

Duas pessoas que afirmam trabalhar para o líder da rebelião islamita do Cáucaso, Doku Umarov, foram detidas quando preparavam um atentado contra Putin, planejado para acontecer depois da eleição, segundo a emissora.

Putin deve vencer o primeiro turno da eleição sem surpresas como aconteceu nas precedentes, em 2000 e 2004.

Apesar de uma considerável queda de popularidade no ano passado, de 70% de aprovação passou a ter um pouco mais de 50%, as pesquisas preveem de 58% a 66% das intenções de voto para o ex-agente da KGB, uma fácil vitória contra os seus adversários.

O comunista Guennadi Ziuganov, cujo partido é a principal formação de oposição, mas que nunca incomodou o poder vigente, e cujo eleitorado nostálgico do período soviético envelhece, deverá obter em torno de 15% dos votos.

Eleito pela primeira vez para presidente com 53% dos votos, quando era chefe de Estado interino, após a renúncia de seu antecessor Boris Yeltsin, Putin foi reeleito triunfalmente em 2004 com mais de 71% dos votos, depois da guerra iniciada na Chechênia, em resposta a sangrentos atentados em Moscou.

O rápido aumento do nível de vida, graças à elevação dos preços mundiais do petróleo, e uma política de recuperar o lugar do país no tabuleiro mundial, nutriram esta popularidade, segundo especialistas.

Vladimir Putin se manteve como homem forte do país depois de colocar, em 2008, Dmitri Medvedev na presidência, já que a constituição não permite um terceiro mandato consecutivo.

Medvedev, que durante certo tempo encarnou as esperanças de liberalização, anunciou em setembro que não se candidataria à reeleição e que se retiraria para deixar o lugar para o seu mentor, Putin.

Uma reforma constitucional aumentou o mandato presidencial de quatro para seis anos. Putin pode, teoricamente, ficar no poder por mais dois mandatos, o que significa mais 12 anos, até 2024.

O anúncio de sua volta provocou comparações com os 18 anos de poder do líder soviético Leonid Brejnev, período conhecido como a época do "estancamento".

As eleições legislativas de dezembro, que deu a vitória com cerca de 50% dos votos ao partido no poder, a Rússia Unida, foram denunciadas como fraudulentas pela oposição e observadores internacionais, provocando um movimento de contestação sem precedentes desde os anos 1990.

Uma primeira onda de manifestações em Moscou, São Petersburgo e outras cidades, foi reprimida com centenas de prisões e dezenas de condenações.

Rapidamente, a magnitude dos protestos em Moscou -cerca de 80 mil pessoas no dia 10 de dezembro e um pouco mais no dia 24 de dezembro e em 4 de fevereiro- obrigaram as autoridades a tolerar as manifestações, as quais se juntaram personalidades do mundo da cultura e dos meios de comunicação.

Em um último ato simbólico no domingo, a oposição mobilizou milhares de pessoas em Moscou para construir uma cadeia humana ao longo do bulevar que contorna o centro da cidade.

A candidatura do liberal Grigori Iavlinski já foi excluída por causa de irregularidades nas listas de assinaturas de apoio, privando aos eleitores do único candidato considerado como verdadeiro oponente de Putin.

Os outros candidatos -o comunista Guennadi Ziuganov, o populista Vladimir Khirinovski, o multimilionário Mikhail Prokhorov e o líder da centro-esquerda Serguei Mironov- são considerados meras figuras para validar a eleição de Putin.