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Sobe para 162 mortos em ataque na Nigéria

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Pelo menos 162 corpos foram contabilizados neste sábado em Kano, segunda maior cidade da Nigéria, onde os corpos das vítimas estavam por todos os lados no dia seguinte a uma grande série de ataques reivindicada pelo grupo islamita Boko Haram.

Um funcionário do principal necrotério de Kano indicou à AFP que 162 corpos chegaram ao local depois do ataque de sexta-feira à noite e estimou que o registro pode aumentar.

"Este número pode mudar porque continuamos a receber", acrescentou esta fonte que pediu para não ser identificada. Um registro anterior indicava 121 mortos.

As autoridades decretaram um cessar-fogo na cidade, principal localidade do norte. Representantes da Cruz Vermelha local e da Agência Nacional de Situações de Emergência (Nema) afirmaram que continuam a recolher corpos nas ruas para enviá-los às mesquitas.

O maior jornal do norte, o Daily Trust, informou que um porta-voz do grupo Boko Haram havia reivindicado os ataques, explicando que o grupo havia agido em represália após a recusa do governo em libertar vários de seus membros presos.

Os episódios de violência ocorrem em um contexto de intensificação de ataques atribuídos a esse grupo, que reivindicou atentados no Natal.

Segundo a polícia, oito locais foram atacados na sexta-feira à noite de maneira "coordenada": as delegacias de polícia e os serviços de imigração, além da casa de uma autoridade da polícia.

Cerca de vinte explosões foram ouvidas em apenas alguns minutos, segundo o correspondente da AFP. Tiros também foram disparados e os moradores correram em pânico.

Um dos ataques foi praticado por um terrorista suicida contra um QG regional da polícia e deixou pelo menos três mortos, segundo uma fonte policial.

Um morador contou que viu no sábado de manhã 16 corpos em uma rua de seu bairro onde está situado um dos locais atacados, o QG da Polícia do Estado de Kano, cuja capital possui o mesmo nome.

"Entre minha casa e o QG da polícia, nesta rua, contei 16 corpos espalhados pelo chão, incluindo os de seis policiais", disse a testemunha.

Segundo uma fonte policial que pediu para não ser identificada, "muitos civis" foram mortos.

Jornalista nigeriano morto

Um correspondente da rede de televisão nigeriana Channels foi morto a tiros durante os ataques. O "assassinato" foi denunciado pelo Comitê para a Proteção aos Jornalistas, com sede em Nova York. Dois terroristas suicidas estão entre os agressores.

No QG da polícia do Estado de Kano, um homem que queria explodir sua carga de explosivos tentou se aproximar de carro de um comboio da polícia, de acordo com uma fonte policial. Ele teria jogado seu veículo antes de ser morto. Segundo uma testemunha, o carro do agressor permaneceu em movimento até explodir.

Vários ataques mortais, atribuídos ao Boko Haram e frequentemente reivindicados por ele, sacudiram o país nos últimos meses. Eles atingiram principalmente o nordeste, e Kano vinha sendo poupada até agora.

O presidente Goodluck Jonathan declarou o estado de emergência no dia 31 de dezembro em setores de quatro estados onde foram registrados ataques, atribuídos ao Boko Haram.

Kano não estava incluída no estado de emergência e não havia sido afetada por nenhum dos últimos ataques importantes, que, em sua maioria, ocorreram no nordeste do país.

A Nigéria, o país mais povoado da África (cerca de 167 milhões de habitantes) e seu maior produtor de petróleo, está dividida entre o norte, majoritariamente muçulmano, e o sul, predominantemente cristão.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, condenou os atentados neste sábado. Seu colega britânico William Hague se disse "chocado e horrorizado com os ataques de grande escala em Kano, na Nigéria," e a França condenou "com a maior firmeza" essa série de ataques.