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Nas redes sociais, tripulação divide momentos de tensão no navio

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No meio do susto e das cenas de terror, algumas pessoas da tripulação do cruzeiro Costa Concordia foram às redes sociais pedir ajuda e mostrar, de dentro do navio, o que aconteceu após a colisão da embarcação com uma rocha, nas proximidades da ilha de Giglio, na costa da Toscana.

Negrita Vokhaka não diz exatamente em que área trabalhava no cruzeiro, mas ela foi uma das sobreviventes que relatou o resgate com fotos em seu perfil no Facebook.

Às 19h23 (22h23 na Itália) da sexta-feira (13), ela escreveu: "Ajude-nos, por favor. Rezem por nós. Nossa situação é crítica", e postou, em seguida, uma foto do que parece ser um salão de jantar escuro. Pratos com comida e garrafas aparecem, como se a mesa tivesse sido abandonada antes da hora.

Às 20h, ela voltou a postar: "Nós estamos em emergência. Por favor, rezem por nós! Abandonando o barco agora". Mais uma foto mostra pessoas com coletes salva-vidas na parte externa do barco.

Uma hora depois, mais uma foto revela o barco já tombado. "Barco começa a afundar. Estou em um bote salva-vidas agora", escreveu. Já salva, durante a madrugada, ela desabafou: "eu perdi tudo o que eu tenho. Eu tenho minha única preciosa vida. Obrigado, senhor".

Assim como Negrita, a dançarina britânica Rose Metcalf foi ao Facebook pedir ajuda. "Rezem por nós para sermos salvos", escreveu, segundo reportou o site NY Daily News.

"Bravos heróis"

No Facebook, grupos e perfis de funcionários, em sua maioria filipinos, mostraram solidariedade à tripulação do Concordia, a quem chamam de "bravos heróis". Não raro, alguém aproveita para criticar a companhia Costa.

Um texto creditado a Katia Keyvanian, que se diz chefe de recepção hoteleira, ataca as primeiras notícias sobre o acidente, que diziam que a tripulação estava desorientada e confusa durante o processo de resgate. O texto acabou sendo compartilhado nas redes sociais.

"Salvamos no escuro, com o navio por cima de um barranco, 4 mil pessoas em menos de duas horas!!!! Se fôssemos incompetentes, não teríamos capacidade de fazê-lo! (...) Resgatamos vários passageiros que foram parar no mar, e enquanto trocávamos as roupas molhadas de uma criança para cobri-la com a coberta térmica, um passageiro filmava com o celular!!!", diz o relato.

Uma outra visão surge sobre a fuga do comandante Francesco Schettino sem prestar socorros. "Não é verdade que o Comandante desceu antes. Eu estava na última lancha e ele ficou grudado na grade do 3° andar enquanto o navio afundava", diz.

Outro texto, creditado ao fotógrafo Diego Nobile, que estaria no Concordia, diz que os passageiros pareciam mais interessados em tirar fotos no celular. "Antes, mulheres, crianças e idosos, mas as crianças e mulheres eram pisoteadas e sofriam cotoveladas ... lembro das pessoas tirando fotos em vez de ajudar, como se fosse um parque de diversões...".

Outro que compartilhou sua experiência nas redes foi Giorgio Fanculli. Morador da ilha de Giglio, ele relatou a ajuda dos vizinhos no resgate. No meio de tantas fotos, ele comentou: "pessoas de todas as idades arregaçaram as mangas e em algumas dezenas de minutos foram abertas as portas de escolas, igrejas e casas particulares para esses desesperados. A maioria das famílias trouxe para casa alguns dos mais necessitados", relatou.

Naufrágio do Costa Concordia

O cruzeiro Costa Concordia naufragou na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir com uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a manhã de segunda-feira, dia 16, seis mortes haviam sido confirmadas. Outras 16 pessoas seguiam desaparecidas: dez turistas e seis tripulantes. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas não há indícios de que eles estejam entre as pessoas que ainda não foram encontradas.

Segundo as primeiras informações a respeito das causas do acidente, o navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando bateu em uma rocha e começou a adernar. Houve pânico entre os passageiros, que reclamaram de despreparo da tripulação e luta por coletes salva-vidas. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio.Ele nega, mas a empresa responsável pela embarcação se posicionou confirmando a negligência do capitão.