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Governo ataca Homs antes do desembarque de observadores árabes 

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DAMASCO - As tropas sírias executam uma ofensiva militar contra vários bairros da cidade de Homs, reduto da oposição ao regime de Bashar al-Assad, deixando pelo menos 22 mortos, poucas horas antes da chegada à Síria dos observadores da Liga Árabe.

"Disparos de obus e metralhadoras pesadas contra o bairro de Baba Amro deixaram pelo menos 15 mortos e dezenas de feridos nesta segunda-feira. A situação é alarmante e o bombardeio é mais intenso que nos três últimos dias", afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, ligado à oposição).

O OSDH, com sede em Londres, fez um novo pedido de intervenção imediata ao secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, para impedir um cerco ao hospital Al-Hikma, que fica no mesmo bairro, que teria como objetivo prender os feridos.

Outros sete civis morreram em outros bairros de Homs (centro), acrescentou a fonte, citando militantes no local. Uma mulher morreu em Talbissé, perto de Homs.

"Baba Amro é bombardeada com artilharia pesada e metralhadoras antiaéreas", informaram os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam as manifestações.

Várias explosões foram ouvidas em Duma, perto de Damasco, onde à tarde ocorreram confrontos entre desertotes e soldados em um dos bairros desta cidade, situada a 20 km da capital.

Sediado em Londres, o OSDH pediu ao secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, que "intervenha imediatamente" para impedir um ataque ao hospital Al Hikma, situado no bairro de Baba Amro, para "deter os feridos que estão ali".

O Conselho Nacional Sírio (CNS, que reúne a maioria das tendências de oposição) pediu no domingo à missão da Liga Árabe que siga imediatamente para Homs, a terceira maior cidade do país, 160 quilômetros ao norte de Damasco.

Importantes manifestações contra o regime acontecem regularmente na cidade, assim como confrontos violentos entre as forças do Exército e "desertores".

Uma primeira delegação de quase 50 analistas civis e militares árabes é aguardada nesta segunda-feira na Síria, como parte de um protocolo de saída da crise apoiado pela Liga Árabe para acabar com a violência, que desde março deixou 5.000 mortos, segundo a ONU.

O OSDH também apelou aos observadores árabes que viajem imediatamente a Homs.

"Os observadores deveriam seguir para o bairro mártir de Baba Amro para que cessem os assassinatos contra o povo sírio, e para que sejam testemunhas dos crimes cometidos pelo regime sírio", afirma a ONG em um comunicado.

"A missão tem a liberdade de viajar em coordenação com a parte síria e de acordo com o protocolo assinado há uma semana pelo governo sírio e a Liga Árabe", afirmou à AFP o porta-voz da chancelaria em Damasco, Jihad Makdissi.

Uma primeira equipe de logística da Liga Árabe desembarcou na quinta-feira em Damasco para preparar a chegada dos observadores da organização. O general sudanês Muammad Ahmed Mustafah al-Dabi, que coordena a missão, desembarcou no domingo na capital síria, segundo uma fonte do governo que pediu anonimato.

A missão integra um plano de saída da crise proposto pela Liga Árabe, que prevê o fim da violência, a libertação dos detentos, a saída das Forças Armadas das cidades e a livre circulação dos observadores e da imprensa por todo o país.

A Síria aceitou oficialmente este plano em 2 de novembro, mas manteve a violenta repressão à revolta iniciada em março.

No domingo, o CNS anunciou que o bairro de Baba Amro estava cercado e sob a ameaça de invasão militar, com uma força de 4.000 soldados, após três dias de bombardeios contínuos.

Além disso, as forças oficiais alteraram as indicações dos nomes de lugares na região de Jabal al-Zawiyah, na província de Idleb, para induzir os observadores ao erro, afirmou o OSDH, que pediu aos observadores árabes que procurem diretamente os militantes na área.

O regime de Assad afirma que a violência é responsabilidade de "grupos armados" que pretendem espalhar o caos no país e que os confrontos já teriam matado 2.000 soldados.

Na sexta-feira, as autoridades acusaram a Al-Qaeda de estar por trás dos atentados com carro-bomba na capital, que mataram 44 pessoas.