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Monge tibetana se suicida em protesto contra a repressão religiosa na China

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A décima primeira imolação ou tentativa de imolação deste ano aconteceu nesta quinta-feira na província chinesa de Sichuan, quando uma monja tibetana se suicidou em protesto contra a repressão religiosa. 

A informação foi dada pela agência de notícias Nova China e depois foi confirmada por pelo menos duas associações de defesa dos tibetanos. 

"Qiu Xiang, de um mosteiro do distrito de Dawu na localidade autônoma tibetana de Garze, ateou fogo ao próprio corpo’, segundo a agência de notícias. ‘Ela tinha aproximadamente 35 anos’. 

"Nós soubemos que ela fez um apelo pela liberdade religiosa e o retorno do Dalai Lama ao Tibet antes de realizar seu ato de desespero’, contou à AFP Kate Saunders, da associação International Campaign for Tibet (ICT). 

A polícia de Garze se recusou a comentar a notícia. A ONG Free Tibet, também confirmou a imolação da monja. 

Nesta região ‘os tibetanos são reprimidos por suas convicções religiosas’, acrescentou Saunders.  

Nove monges e uma monja já se imolaram ou tentaram nesta província habitada por tibetanos. 

Muitos dentre eles, antes de morrer lançaram slogans pela volta do Dalaï Lama o chefe espiritual budista que está exilado. 

Pequim acusou o ‘grupo do Dalaï Lama’ de ‘terrorismo disfarçado’ e de encorajar as recentes imolações. 

Muitos tibetanos não suportam mais o que consideram como uma dominação crescente dos Hans, etnia de maior número na China.  

O mosteiro de Kirti, em Sichuan, tornou-se o epicentro da contestação contra a repressão da religião e da cultura. 

Os monges budistas se queixam da vigilância policial e da reeducação política que muitos são submetidos. 

O suicídio público dos monges é um fenômeno novo e ilustra o desespero frente à repressão nas regiões tibetanas. Contudo, o Dalaï Lama já se declarou contra estes atos extremos, que vão contra o caráter sagrado da vida segundo os preceitos budistas. 

"Para alguns monges, sua identidade religiosa tem mais valor do que a própria vida’, afirmou Kate Saunders. 

O Parlamento europeu declarou na semana passada estar ‘profundamente preocupado’ com os recentes acontecimentos. 

"A imolação pode ser considerada como uma forma de protesto e a expressão do desespero crescente entre os jovens tibetanos’, disseram os deputados europeus. 

A China afirma ter ‘libertado pacificamente’ o Tibet em 1951 e ter concedido fundos para o desenvolvimento econômico desta região pobre e isolada. 

O Dalaï Lama, venerado pelos tibetanos e prêmio Nobel da paz em 1989, exige uma autonomia real, mas é visto por Pequim como um perigoso separatista. Ele vive no exílio em Dharamsala, na Índia.