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EUA advertem Irã, que nega complô contra embaixador saudita

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 Os Estados Unidos afirmaram nesta quarta-feira que o Irã deverá "prestar contas" por sua suposta tentativa de assassinar o embaixador saudita em Washington, enquanto os iranianos negam as alegações e acusam os EUA de fabricar o complõ para dividir os países muçulmanos e tirar Israel do isolamento atual.

O procurador-geral americano, Eric Holder, anunciou na terça-feira o suposto envolvimento de dois cidadãos iranianos acusados de planejar o assassinato do embaixador da Arábia Saudita, Adel Al-Jubeir, em meio a uma conspiração "concebida, organizada e dirigida" pelo Irã.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou os dois iranianos de conspirar com setores do governo de Teerã para matar o embaixador em território americano, tarefa para a qual teriam contatado no México um suposto membro de um cartel de narcotraficantes, que na verdade era um agente americano disfarçado.

O suposto complô incluía detonar uma bomba em um restaurante que o diplomata frequentava. "Trata-se de um ato atroz, do qual os iranianos terão de prestar contas", disse o vice-presidente Joe Biden no programa ''Good Morning America'' da emissora ABC.

Teerã reagiu imediatamente, afirmando que se trata de um "cenário ridículo, montado de cima a baixo" para gerar tensões entre o Irã e seus vizinhos árabes do Golfo.

"As relações entre Irã e Arábia Saudita se baseiam no respeito mútuo e uma acusação sem fundamento como esta não levará a lugar algum", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.

Washington tenta ao mesmo tempo "desviar a atenção de seus problemas internos" e criar divisões nos países muçulmanos para "tirar Israel de seu isolamento atual", declarou.

Teerã manifestou, no entanto, sua preocupação com as possíveis consequências das acusações americanas, e alertou os Estados Unidos para qualquer tentativa de "enfrentamento".

"Não buscamos o confronto, mas se (os Estados Unidos) quiserem, as consequências serão mais graves para eles" do que para o Irã, disse o chefe da diplomacia, Ali Akbar Salehi.

O Pentágono indicou nesta quarta-feira que o suposto complô requer uma resposta diplomática e legal, minimizando a possibilidade de uma ação militar.

"O Exército dos Estados Unidos têm preocupações de longa data acerca da influência maligna do Irã na região. No entanto, em relação a este caso, trata-se de uma questão de caráter judicial e diplomático", disse a jornalistas o porta-voz do Pentágono, John Kirby.

O Reino Unido transmitiu a Washington seu apoio para novas sanções contra o Irã e a União Europeia (UE) advertiu Teerã de que o assunto terá "consequências muito graves" caso as acusações americanas sejam fundamentadas.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, qualificou o fato como uma "perigosa escalada" de Teerã, e pediu uma condenação internacional.

O atentado é "uma flagrante violação da lei internacional e americana e uma perigosa escalada do uso da violência política e apoio do terrorismo de longa data por parte do governo iraniano", disse Hillary. "O Irã deve prestar contas por suas ações".

As autoridades sauditas optaram por uma relativa discrição, limitando-se a condenar "uma violação odiosa das convenções internacionais", em um comunicado de sua embaixada em Washington.

Os círculos diplomáticos em Teerã destacam que este caso ocorre em um momento em que as relações entre iranianos e sauditas se deterioraram muito após a intervenção militar saudita no Bahrein em março passado para ajudar a reprimir a revolta da população, majoritariamente xiita, como no Irã, contra a dinastia sunita do emirado.

Teerã criticou essa intervenção e foi acusado de ingerência nos assuntos internos de seus vizinhos para tentar desestabilizá-los.

Riad também acusou o Irã de ter fomentado manifestações violentas na semana passada na região do leste da Arábia Saudita, de maioria xiita, e deu a entender que o fato teria consequências.