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Síria: ONU marca reunião de emergência após morte de 139 civis

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O presidente sírio Bashar al-Assad felicitou nesta segunda-feira o Exército, um dia após a morte de 139 pessoas em uma ofensiva militar que provocou a condenação internacional e a convocação nesta segunda-feira à noite de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

As manifestações contra o regime continuaram nesta segunda-feira, apesar da violenta repressão que matou 139 civis no domingo. Nesta segunda-feira, outros quatro opositores faleceram em Hama (centro) e outros dois em Al-Boukamal (leste).

A gravidade da situação provocou a convocação urgente do Conselho de Segurança da ONU, que se reunirá a portas fechadas para tratar a crise na Síria às 21h00 GMT (18h00 de Brasília) desta segunda-feira, informou um porta-voz da presidência do Conselho.

Ignorando as críticas internacionais, o presidente Bashar al-Assad felicitou nesta segunda-feira o Exército: "Felicito cada soldado e o parabenizo pelo 66º aniversário de criação das Forças Armadas árabes da Síria (...) que defendem seus direitos frente aos planos agressivos que atravessam nosso presente e nosso futuro", saudou o presidente em um discurso, segundo a agência oficial Sana.

"Todos vocês representam o orgulho e a dignidade", acrescentou Assad.

"Estou absolutamente convencido de que seremos capazes (...) de inviabilizar este novo episódio de um complô bem preparado, que tem por objetivo desagregar a Síria, um prelúdio da divisão da região inteira em pequenos Estados que se batam entre eles", denunciou.

Desde o início da revolta, o regime acusa "grupos armados" e "terroristas" de estender o caos por todo o país, infiltrando-se entre os manifestantes e utilizando a violência.

No domingo, o Exército e as forças de segurança mataram 100 pessoas em Hama e outras 39 no restante do país, segundo o registro realizado pela AFP com base nas informações dadas por associações humanitárias.

O governo tenta há várias semanas desmobilizar esta cidade rebelde situada 210 km ao norte de Damasco, onde ocorreram várias manifestações contra o regime.

Seis mortos nesta segunda-feira

Nesta segunda-feira, as forças de segurança mataram quatro civis em Hama e outras duas pessoas, entre elas um menino de 13 anos, em Al-Boukamal (leste).

Os blindados entraram em Al-Hula (noroeste de Homs, no centro) e foram ouvidos disparos. Quinze pessoas ficaram feridas e houve 18 detidos, explicou Rami Abdel Rahmán, chefe do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres.

Rahman afirmou ter sido informado de que "mais de 80 veículos militares" se dirigiam a Deir Ezor (leste), onde 19 opositores morreram no domingo, suscitando temores de "preparativos de uma vasta operação militar".

Desde o início da revolta contra o regime do presidente al-Assad, no dia 15 de março, a repressão já deixou pelo menos 2 mil mortos, entre eles mais de 1.600 civis, segundo dados de diversas ONGs.

A televisão pública síria desmentiu a entrada de carros de combate em Hama e assegurou que oito policiais morreram nos confrontos de domingo entre as forças de segurança e "grupos terroristas armados" nesta cidade.

O Conselho de Segurança se reunirá nesta segunda-feira às 21H00 GMT (18H00 de Brasília) com o objetivo de condenar a sangrenta repressão dos protestos. Várias potências ocidentais, especialmente a União Europeia, pediram esta reunião.

"É hora de o Conselho de Segurança tomar uma posição clara sobre a necessidade de acabar com a violência", disse a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, em um comunicado, no qual também anunciou um reforço "iminente" das sanções europeias contra o regime sírio.

Por sua vez, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou nesta segunda-feira que na Síria, diferente da Líbia, "não são atendidas as condições" para uma intervenção militar da Aliança Atlântica: ter um mandato da ONU e contar com o apoio dos países da região.