ASSINE
search button

Egito: novo governo ainda não satisfaz manifestantes

Compartilhar

CAIRO, Egito, 21 Jul 2011 (AFP) -Um novo gabinete tomou posse nesta quinta-feira no Egito, com novos ministros das Relações Exteriores e Finanças, que antes eram cargos ocupados por figuras questionadas pelos manifestantes devido à proximidade com o antigo regime de Hosni Mubarak.

Dez ministros foram mantidos em seus cargos e quinze novos entraram no governo do primeiro-ministro Esam Sharaf.

A cerimônia de posse foi realizada na presença do marechal Husein Tantaui, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, cargo que dirige desde a queda de Mubarak no dia 11 de fevereiro.

A cerimônia, anunciada inicialmente para a segunda-feira, foi adiada por negociações de última hora e por problemas de saúde de Sharaf, de 59 anos, que ficou hospitalizado por pouco tempo na noite de segunda-feira, oficialmente por fadiga.

A remodelação foi feita sob pressão dos manifestantes que acompanham há duas semanas na praça Tahrir para exigir a saída de pessoas ligadas ao antigo regime e mais reformas.

Os manifestantes denunciam também a lentidão da justiça para tratar de casos de ex-funcionários de Mubarak e acusam o exército de perpetuar métodos repressivos.

O ministro de Relações Exteriores, Mohamed el Orabi, considerado próximo do governo de Mubarak pelos manifestantes, foi substituído por outro diplomata de carreira, Mohamed Kamel Amr.

O titular da pasta de Finanças, Samir Raduan, cujo projeto de orçamento foi negado pelos militares em junho, foi substituído por Hazem Beblaui, que acumula dois cargos. Ele será também vice-primeiro-ministro.

O cargo na secretaria de Antiguidades, que por enquanto está vago, deve desaparecer, segundo a imprensa local.

O controverso Zahi Awas, que era responsável pela secretaria, afirmou que havia desistido do cargo por divergências com o funcionamento do governo.

"Vou sair" porque este governo "é um caos e não quero fazer parte disso", disse Hauas à AFP.

No ministério do Meio Ambiente, o ministro de saída Magid George, cristão copto que já ocupava o cargo desde o governo de Mubarak, foi trocado por outro membro da mesma religião, Magid Ylias Ghatas.

No entanto, dois ministros cuja queda é exigida pelos manifestantes permaneceram: Abdel Aziz al Guindi na Justiça e Mansur Isaui no Interior.

Também permanecem Fayza Abul Naga como titular de Cooperação Internacional e Hasan Yunis na Energia.

Os manifestantes convocaram um novo protesto para sexta-feira - chamada de "sexta-feira decisiva" - na praça que se tornou um símbolo da rebelião que derrubou Mubarak, que estava no poder a três décadas.

Os islamitas por sua vez, convocaram manifestações neste mesmo dia "pela estabilidade".

Sharaf foi nomeado primeiro-ministro em março. Seu prestigio inicial entre os jovens rebeldes tem diminuído nos últimos meses pelo pouco poder que tem sobre o exército e pela demora de para iniciar as reformas.

O governo de transição deve permanecer nas funções até as eleições previstas para o próximo outono boreal.