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Biografia lançada na França alivia a reputação de Strauss-Kahn

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A esposa de Dominique Strauss-Kahn afirmou estar muito preocupada com a denúncia de assédio sexual contra seu marido, mas previu que o casal sairia da situação de forma digna , e com o casamento intacto.  O cometário feito por Anne Sinclair aparece na versão revisada de “Le Roman Vrai de Dominique Strauss-Kahn”,  (A Verdadeira História de Dominique Strauss Kahn),  lançada na França na última quinta-feira.  

A biografia foi primeiramente publicada em maio, uma semana antes de Strauss-Kahn ser preso sob acusações de atacar uma camareira dentro de seu quarto de hotel, em Manhattan. O relançamento pode ser visto como uma tentativa de melhorar sua reputação, mesmo depois de o juiz Michael Obus ter ordenado sua libertação da prisão domiciliar que cumpria em Nova York, na última sexta-feira. Uma versão do livro em inglês já está a caminho.

O autor, Michel Taubmann, incluiu entrevistas com a esposa, Anne, famosa na França por já ter sido repórter de televisão, e sua irmã, Valérie, assim como uma contestação do caso de uma escritora francesa que havia acusado Strauss-Kahn de estupro em 2003.

“O cenário que ela descreve é imaginário”, diz ele, em uma entrevista com o autor em março, dois meses antes de ser preso em Nova York. “Você consegue me ver jogando uma mulher no chão e sendo tão violento quanto ela afirmou?”

A mulher, Tristane Banon, disse publicamente que “DSK” tentou estuprá-la durante uma entrevista em 2003. Ela fez a denúncia em um reality show em 2007, dizendo que um político, a quem ela identificou posteriormente como Strauss-Kahn, a havia atacado e tentado violentá-la em um apartamento pouco mobilhado em Paris.

“Ele queria pegar minha mão enquanto respondia às perguntas, e depois meu braço”, ela disse. “Acabamos brigando quando eu disse não a ele. Nós lutamos no chão, eu o chutei, ele rasgou meu sutiã e tentou tirar minha calça jeans”, relatou.

A biografia também se refere a um capítulo de dez páginas que foi retirado do livro publicado por Banon em 2003. O livro de entrevistas, “Erreus Avouées”, ou “Erros Confessados”, descreve os erros feitos por diversas personalidades importantes, incluindo o publicitário Jacques Séguéla e o estilista Christian Lacroix. Taubamann escreveu que “Banon não menciona, em nenhum momento, nenhuma violência ou gestos inapropriados vindos de Strauss-Kahn em seu livro”.

O texto do capítulo é mais ambíguo: ela escreveu que Strauss-Kahn havia usado uma conduta típica de homens de negócio.

“Ele tenta jogar com seu charme e quer que nós entremos no jogo”, escreveu. E ainda adicionou. “Ele quer ser rápido. Um ogro, quer devorar sua presa”.

A equipe de Strauss-Kahn pressionou Banon para retirar o capítulo do livro. Ela negou, mas sua editora o fez. Nas dez páginas, Strauss-Kahn falava de seu envolvimento em um grande escândalo político e financeiro em 1998, apesar de não ter sido comdenado por nada. Seu assessor de imprensa na época, Ramzi Khiroun, explicou no livro de Taubmann que o capítulo foi retirado para “evitar chamar atenção para casos onde ele havia sido falsamente acusado”. Nesta época, “DSK” fazia parte do Partido Francês Socialista.

Banon recusou todos os pedidos de entrevista desde que Strauss-Kahn foi preso. Ela não registrou nenhuma queixa formal contra ele. Seu advogado, David Koubbi, que chamou a edição revisada da biografia de DSK de “operação de resgate”, afirmou que, depois de sua prisão em Nova York, ela decidiu que deveria denunciá-lo.

Desde a prisão de “DSK”, Anne mostrou publicamente o apoio a seu marido, que perdeu seu emprego como diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ela afirmou, no dia seguinte da prisão, que não acreditou nas acusações nem por um segundo.

“Tenho certeza que sua inocência será provada”, disse.

Em um e-mail enviado para Taubmann cinco dias após a prisão, Anne escreveu que “não duvidava de seus méritos, mas ainda assim, estava muito preocupada”.

A nova edição do livro também inclui uma nova entrevista com Anne, onde ela descreve seu marido como “um homem bom, honesto e confiável”.

“Eu acredito nele mais do que nunca. Nosso casamento é sólido como uma rocha. Vamos sair juntos dessa história, dignamente e de cabeça erguida, de mãos dadas”, disse ela.

Muitos dos que defendem DSK, incluindo sua irmã, lutaram junto a ele e proclamaram que ele não é nem violento nem alguém capaz de cometer assédio sexual.

“Eu conheço meu irmão. Sei que ele é incapaz de ser violento com uma mulher”, diz Valérie Strauss-Kahn.

Na entrevista publicada na biografia, ela reconheceu que não sabia nada sobre o que aconteceu em Nova York, mas afirmou que poderia confiar “nos valores da nossa educação, que são totalmente opostos à violência física”.