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“Paguei mil dólares para não apanhar no Paquistão”, diz brasileiro

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Depois de passar sete dias preso em Islamabad, no Paquistão, por exibir um quadro com a imagem de Nossa Senhora Rainha da Paz para um grupo de 40 mil muçulmanos em uma mesquita paquistanesa, o bancário Rodrigo Cubek, 30 anos, contou ao Jornal do Brasil que fez isso "a pedido de Jesus Cristo”.

Segundo Cubek, ele só se livrou da agressão dos soldados paquistaneses porque pagou uma taxa de US$ 1 mil. A “taxa da integridade física”, como é conhecida, está prevista nas leis do país muçulmano. Leia a entrevista:

Você passou sete dias preso, correndo o risco de ser condenado e agredido. O que te motivou a levar uma imagem de Nossa Senhora para os muçulmanos?

Pode parecer loucura, mas não é. Deus fala comigo desde que tenho quatro anos. Eu não escuto uma voz, simplesmente sinto o pedido muito forte no meu coração. Nas últimas cinco vezes em que o fenômeno me aconteceu, Deus pediu que eu percorresse os países muçulmanos feridos pelo terrorismo. Fiz pesquisas na internet e li mais de 20 livros antes de decidir para quais países eu iria. Deus prometeu me livrar do inferno, se eu lhes apresentasse Nossa Senhora da Paz.

No Paquistão há muitos fundamentalistas religiosos.  Você não teve medo de ser assassinado pelo simples fato de ser cristão?

Eu estava a serviço de Jesus Cristo e da Virgem Maria. Por isso, nunca tive dúvidas de que eles me protegeriam. Certamente, não me deram um fardo maior do que eu pudesse carregar.

Foi a primeira vez que você esteve em um país de maioria islâmica para falar de Nossa Senhora?

Não. Em 2008, eu levei a imagem da Rainha da Paz ao Irã, com o mesmo objetivo que a levei ao Paquistão, este ano. O meu intuito era lhes oferecer  a oportunidade de obter a tão almejada paz, que a ONU, os Estados Unidos e os governos locais não conseguem garantir à população daquele país.

A sua prisão foi violenta? Você apanhou ou foi torturado?

Antes de me dirigir à Mesquita do Shá Faisal, em Islamabad, onde fui preso, estive em outros dois templos. Em Peshawar e Quetta, consideradas perigosíssimas pela CIA, por ser reduto dos talibãs. Lá, não tive nenhum problema. Eu mostrava o quadro com a foto da Rainha da Paz para os muçulmanos e, em seguida, dizia que aquela era a Virgem Maria, a mãe de Deus e Rainha da Paz. Depois, eu frisava que era cristão.

O grande problema foi na Mesquita do Shá Faisal, em Islamabad, a maior do Paquistão e a quarta maior do mundo, quando interrompi o momento de oração de cerca de 40 mil pessoas e mostrei a foto. Após me declarar cristão, fui detido e levado para uma sala secreta da mesquita. Eles não me torturaram, porque logo telefonei para a Embaixada do Brasil no Paquistão. Diante do pagamento de US$ 1 mil para não ser agredido, o que é comum por lá, e ninguém me bateu. Mas eu vi um companheiro de cela apanhar e sangrar muito por um motivo fútil. Creio que aquilo poderia ter acontecido comigo, se eu não tivesse pago a taxa.

De lá, você foi levado para algum presídio?

Passei algumas horas na sala, antes de ser transferido para uma espécie de penitenciária. Achei que fosse ser liberto logo, mas estava enganado.  A polícia secreta paquistanesa queria investigar toda a minha vida. O engraçado é que eles alegaram que eu tinha problemas mentais, além de exigirem que eu ficasse cinco anos preso por ter perturbado a ordem na mesquita. As imagens representando Deus ou santos são consideradas blasfêmias no Islã.

Foi amplamente divulgado, no Brasil, que você fazia uso de medicamentos controlados e tinha uma perturbação mental.  Quais são os remédios que você usa?

A polêmica sobre medicamentos controlados começou porque os soldados paquistaneses encontraram uma caixa de "Valeriana" na minha bagagem. Como as informações descritas na embalagem estavam todas em português, idioma que eles não dominam, foi entendido que era um psicotópico (droga que age no sistema nervoso central). Mas o remédio é natural, não é controlado. Uso apenas para me ajudar a dormir de vez em quando.

Você pretende voltar ao Paquistão, já que estaria a serviço de Deus e confia em sua proteção?

Sinceramente, eu não sei. Ainda eestou meditando sobre isso, e temo muito em voltar. Posso ter graves problemas se for detido por eles novamente. Estou aguardando uma resposta de Deus. Enquanto isso, fico no Brasil.