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Diretor do FMI é preso acusado de abusar sexualmente de camareira

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NOVA YORK - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, um possível candidato à presidência francesa, foi indiciado por agressão sexual e tentativa de estupro contra uma camareira poucas horas depois de ser detido em um aeroporto de Nova York, mas o advogado do francês disse que ele nega todas as acusações.

Strauss-Kahn, 62 anos, "foi indiciado por agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma mulher de 32 anos em um quarto de hotel em Nova York", anunciou neste domingo Ryan Sesa, porta-voz da polícia do Harlem (norte de Manhattan).

O advogado de Strauss-Khan em Washington, William Taylor, afirmou que o cliente vai se declarar inocente.

Ao ser questionado se Strauss-Kahn pretende negar todas as acusações, o advogado respondeu apenas "Sim", sem fazer mais comentários.

A funcionária do hotel Sofitel de Nova York afirma que Strauss-Kahn saiu nu do banheiro quando ela trabalhava e a agrediu. Segundo seu relato, publicado pela imprensa americana, a mulher entrou no quarto do diretor do FMI por acreditar que estava desocupado.

Mas quando estava limpando o local, Strauss-Kahn saiu do banheiro e tentou estuprá-la, afirma o jornal The New York Times, que cita o subcomissário de polícia de Nova York, Paul Browne.

Segundo a camareira, o francês a agarrou, jogou na cama e trancou a porta. A mulher disse que conseguiu correr, mas Strauss-Khan a pegou novamente e a levou para o banheiro.

De acordo com o canal MSNBC, Strauss-Kahn obrigou a vítima a praticar sexo oral e tentou arrancar as roupas íntimas dela. Mas a mulher conseguiu escapar e fugiu do quarto. Em seguida alertou os outros funcionários do hotel, que ligaram para o serviço de emergência policial 911.

Segundo fontes policiais, Strauss-Kahn deixou o hotel de maneira precipitada e esqueceu o telefone celular e outros objetos pessoais.

O número um do FMI está na delegacia do Harlem, para a qual foi levado no sábado à tarde depois de ser detido quando estava em um avião que o levaria de volta à Europa.

Strauss-Kahn comparecerá neste domingo a uma audiência.

O socialista francês, grande favorito nas pesquisas para enfrentar o presidente conservador Nicolas Sarkozy nas eleições de 2012, foi retirado no sábado de um voo da Air France no Aeroporto Internacional John F. Kennedy 10 minutos antes da decolagem.

Segundo um funcionário do aeroporto, "o senhor Strauss-Kahn foi retirado de um voo da Air France por funcionários da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey e entregue a policiais de Manhattan".

Strauss-Kahn recebeu no sábado à noite a visita de um diplomata francês, amparado pela proteção consular que a França oferece a todos os seus cidadãos.

Philippe Lalliot, cônsul geral em Nova York, visitou Dominique Strauss-Kahn, informou o porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Bernard Valero.

"A embaixada da França e o consulado em Nova York estão mobilizados. Estamos em contato com o FMI e as autoridades americanas", afirmou o porta-voz.

A líder do Partido Socialista francês, Martine Aubry, afirmou ter ficado "estupefata" com a detenção de Dominique Strauss-Kahn.

"As notícias que nos chegam de Nova York desde a noite de ontem parecem, evidentemente, um trovão. Estou, como todo mundo, totalmente estupefata", declarou Aubry, prefeida de Lille, cidade do norte da França. "Peço a todos que esperem a realidade dos fatos e respeitem a presução de inocência", completou, visivelmente abalada.

O porta-voz do governo francês, François Baroin, pediu neste domingo o respeito à "presunção de inocência".

"O governo francês respeita dois princípios simples: o de um procedimento judicial em curso sob a autoridade da justiça americana, segundo as modalidades americanas, e o respeito da presunção de inocência", declarou Baroin ao canal de televisão France 2.

Baroin disse ainda que o governo francês "não irá além no comentário do caso".

"É preciso ser muito prudente na expressão, análises, comentários, nas consequências", completou Baroin.

O FMI divulgou um comunicado em seu site, no qual informa a detenção de seu diretor, que assumiu o cargo em 2007.

"O FMI segue completamente funcional e operacional", afirma a nota, assinada pela diretora mundial de relações externas, Caroline Atkinson. O texto acrescenta que a instituição não tem mais comentários a fazer sobre o caso.

Esta não é primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em um incidente vinculado a uma agressão sexual. Em 2008, ele teve uma relação extraconjugal com uma economista húngara do FMI. A instituição financeira investigou o caso e concluiu que a relação foi consensual, mas considerou a conduta inapropriada.

John Sheehan, diretor de segurança do Sofitel, disse à AFP que a rede está cooperando com a investigação.

"O Sofitel está trabalhando com o Departamento de Polícia de Nova York em sua investigação. A segurança de nossos clientes e membros de equipe são nossa maior prioridade", disse.

Strauss-Kahn é uma das principais personalidades políticas da França e provável candidato do Partido Socialista às eleições presidenciais de 2012.

O mandato de Strauss-Kahn à frente do FMI termina oficialmente em setembro de 2012, vários meses após a data das eleições presidenciais na França, mas o meio político francês apostava na renúncia de "DSK" para disputar a liderança do país contra o presidente Nicolas Sarkozy.

Strauss-Kahn deveria participar na próxima segunda-feira de uma reunião de ministros das Finanças da Zona Euro, em Bruxelas, e planejava discursar na quarta no 12º Fórum Econômico de Bruxelas, evento organizado pela Comissão Europeia.

Strauss-Kahn foi nomeado diretor-gerente do FMI em setembro de 2007, para realizar uma profunda reforma na instituição.